quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A VENTURA E A AVENTURA DE JOSÉ BOAVENTURA XAVIER HÁ 45 ANOS NO “SEBO” DE SÃO BRÁS “ONDE AJUDO A DESENVOLVER A LEITURA”!

Entrevista* feita por Ana Carolina Souza.

Natural de Bragança, órfão de pai, e a mãe, lavadeira, colocou, para estudar no internato do instituto Lauro Sodré, em Belém, José, que, na luta pela sobrevivência trabalhou como gari oportunidade em que manteve contato com os livros que o pessoal jogava fora e José, com pena de descartá-los guardava em casa e depois teve a ideia de montar um sebo de onde passou a retirar o sustento da família, tem filhos formados e é amigo de muita gente, entre professores, estudantes de todos os níveis, donas de casa, universitários, jornalistas e escritores, todos seus clientes. você leitor destes espaços virtuais – fb e blog -, pode conhecer um pouco mais da atividade de livreiro de José Xavier, lendo a matéria a seguir:

José Xavier

José Boaventura Xavier, 69 anos, trabalha há 45 anos no sebo “Banca de Revista São Brás”, que montou na Avenida José Bonifácio no bairro de São Brás.
Sebo "Banca de Revistas São Brás"

Onde o senhor nasceu e morou, e o que fazia antes de trabalhar neste sebo?
-Nasci em Bragança, meu pai morreu quando eu tinha 1 ano de idade, minha mãe era lavadeira e sem melhores condições para criar os 6 filhos, me mandou, aos 12 anos para Belém, fui interno no Lauro Sodré, onde estudei até os 16 anos e voltei novamente para Bragança. Em 1969 vim morar de vez em Belém.
Por qual motivo você resolveu abrir o sebo?
-Quando me mudei pra Belém, logo construí família, trabalhei em várias coisas, entre elas, vendedor de limão, na feira, catador de lixo e como gari. Trabalhava em frente a edifícios e as patroas que lá moravam iam descartando as revistas e livros que não queriam mais e eu ficava com pena de jogar fora e acabava levando tudo pra minha casa. Fui juntando, juntando e daí surgiu a ideia de montar o sebo. Fui no bairro de São Brás, olhei os pontos, vi essa vaga e coloquei um tabuleiro com revistas e livros usados, desde então não parei mais.
Você tira a sua renda mensal desse trabalho?
-Sim, trabalho com o sebo (compra e venda de livros e revistas usados) a 45 anos e criei seis filhos com esse trabalho. Hoje tenho uma filha pedagoga, uma policial, um taxista e outra trabalha aqui no sebo.
Com quem você aprendeu a gostar de livros?
-Sempre gostei de livros, desde criança, adorava ler tio Patinhas.
Como consegue os exemplares para a venda?
-Uma parte vem de doações e outra, compro das pessoas.
Você sabe a quantidade de exemplares que possui neste sebo?
-Não faço ideia.
Como se dá a organização da sua banca?
Olha, eu tento organizar quando dá, geralmente organizo por coleções.
Que tipos de livros há aqui?
-Variados, aqui é a clínica geral dos livros (risos)!
Os livros são vendidos aqui com facilidade?
-Sim, todos os dias eu tiro uns trocadinhos.
E qual a época do ano que você vende mais?
-Com certeza, no mês de julho.
Que tipo de livros são os mais procurados?
-Livros da Coleção Arlequim, Sidney Sheldon, Agatha Christie, Clarice Lispector, Max Fernandes, Lucio Flávio Pinto e Salomão Larêdo.
Você conhece outros sebos aqui por perto?
-Sim, tem um na av. Magalhães Barata.
Qual o perfil dos seus clientes?
-Variados, mas, a maioria  é de  senhores e acadêmicos, jovens que vão fazer vestibular.
Qual a média de preços, dos livros que você vende?
-Vai de 1 real a dez reais.
Tem vontade de escrever livros?
- É né? Olhe, mais muita gente já quis escrever sobre minha vida.
Qual seu livro ou escritor favorito?
-Meu amigo Salomão Larêdo, Lucio Flávio Pinto, Jorge Amado, entre outros.
Você considera seu trabalho importante. Por quê?
- Acho meu trabalho muito importante, aqui os livros são mais acessíveis para quem não tem condições de comprar livros novos. Com este trabalho ajudo a desenvolver a leitura, quando você lê você aprende mais, desenvolve mais o raciocínio.
*Feita no dia 02 de agosto de 2013, às 8h40 da manhã.

2 comentários:

Anônimo disse...

Seu Zé, este mascate da cultura, é mais que o um vendedor de livros usados e um grande amigo, alguém com quem prosear quando tiver tempo livre. Fala com orgulho desta entrevista. A devida atenção é muito justa para com este homem que muito sofreu e hoje tem função importante na difusão da leitura.
Abraços Salomão e não esqueça de visitar o Seu José.
Fabrício Medeiros

Anônimo disse...

um abraço grande, José (zé) li muitas revistas suas quando criança,esperava meu pai chegar ai em são Brás e nesse tempo contava com sua generosidade em emprestar seus gibis para eu passar o tempo na espera, hoje continuo lendo outros livros mas tudo começou ai na sua banca.
um abraço de seu amigo Professor de Geografia
Silvio Dias