Salomão Larêdo, escritor e jornalista
João Derickx nasceu em 06.12.1935 na Holanda. Trabalhou numa escola para crianças com dificuldades de aprendizagem. Foi professor de esporte e lazer. Cursou pedagogia na Universidade Católica de Nigmegen. Formou-se em filosofia e teologia e em 1965 ordenou-se sacerdote.
No tempo em que trabalhou na Região amazônica aprendeu a amar o povo das favelas de Belém/Jurunas e o povo marginalizado da beira do rio Juruá e das comunidades bairro do Bengui e entorno.
É preciso lembrar quando ele e mais os padres Teodoro e Matheus, dirigiam a paróquia de Santa Terezinha, no Jurunas, tempos difíceis, muitas dificuldades, o Brasil vivia a ditadura plena e João, junto com outros padres da Arquidiocese de Belém, fiéis às orientações do Concílio Ecumênico Vaticano II e a Teologia da Libertação, partiram à ação preferencial pelos pobres e foram viver no meio do povo de Deus, nos bairros da Condor, Guamá, Cremação e Jurunas, Estrada Nova.
Nesse sentido, ajudaram as comunidades eclesiais de base e aos movimentos sociais, como por exemplo, o Cobajur – Comunidade de Base do Bairro do Jurunas e outros. Os padres holandeses deixaram a paróquia de Santa Terezinha e assumiu o cônego Benedito Chaves Mendes Seara, que nasceu no bairro do Jurunas, era negro e bem entrosado com os padres dessa congregação. Antes de ir para a paróquia do Bengui, trabalhou também na Paróquia da Conceição, na Cidade Velha, com o Cônego David Gonzaga Larêdo, de quem era amigo e por essa amizade, tornei-me também seu amigo e lamento tenha ido tão cedo ao Paraiso e por isso, desejo Paz à sua bondosa alma.
Um comentário:
O Padre Joãozinho não era apenas um homem grande, ele foi um Grande Homem. Homem de fé, luta e coragem.
Num primeiro contato chamava atenção pela sua altura, seu sorriso marcante, mas, quem o conhecia em seu cotidiano sabia que, aquele homem não se contentava em a penas pregar sermões nas missas e ajudar nas reflexões sobre pecado ou salvação.
As preocupações do Padre João ultrapassavam as paredes da igreja.
Ele não somente se incomodava com os problemas sociais como também arregaçava as mangas e procurava soluções para resolve-los.
Muitos jovens receberam educação escolar por intermédio dele, adultos também. Ou seja, ele via na educação, uma ponte que dá acesso de pessoas à uma vida mais digna, já que o homem que possui formação educacional tem mais possibilidades de lutar por seus direitos.
É desse exemplo de Sacerdote que sentiremos falta. A formula ele deixou, "lutar para mudar". A generosidade, a atenção com o próximo, o anseio de justiça, são sentimentos e atitudes que devem fazer parte de todos nós.
E, se aprendemos a lição com Padre João, do que é ser filho de Deus, não podemos dizer que ele morreu. Devemos dizer que, ele precisou descansar e que nós somos agora, responsáveis para dar continuidade aos seus ideais para construir uma sociedade menos sofrida e humilhada.
Nadi Pinheiro
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