sexta-feira, 20 de abril de 2012

23 de abril, dia de São Jorge Guerreiro é o aniversário de Salomão Larêdo


Nasci dia 23 de Abril, às quatro horas da manhã, na Vila do Carmo, município de Cametá. O rio Tocantins que passa na frente de nossa casa, estava na maré enchente. Sou o terceiro filho de Milton e Maria do Carmo Larêdo. A origem de minha família é pobre. Meus avós são filhos do hebraico Jacob Bensabath Larêdo , judeu sefardista marroquino que morreu cedo, aos 55 anos no dia 21 de fevereiro de 1893 e a mãe deles, Tereza de Jesus da Costa , natural da Vila do Carmo, perdeu todos os bens e eles tiveram que começar a vida na lavoura, fazendo roça. Minha avó materna é filha de negros africanos cuja família miscigenou com índios tupinambá. Vila do Carmo era uma comunidade pequena, mas unida e por isso toda a nossa comunidade, parentes e amigos foram à nossa modesta casa, de madeira ,erguida na frente do majestoso e lindo rio Tocantins,alegrar-se e comemorar o nascimento do Rei Salomão. Meu pai fez o meu registro no cartório da Vila. Minha mãe queria que meu nome fosse Jorge e meu pai,Salomão. Num acordo, o nome ficaria: Jorge Salomão ou Salomão Jorge Larêdo y Larêdo . Meu pai, prático, registrou apenas Salomão Larêdo. Minha mãe guardou meu umbigo e depois do resguardo de quarenta dias, me deu um banho especial com as ervas , matos e folhagens cheirosas de nosso lugar, a região Amazônica. Fui batizado no dia 15 de julho, véspera da festa de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da Vila. Meus padrinhos foram: tio Jaime, irmão de meu pai e sua mulher, a tia Nenê e a minha tia Domingas, irmã de minha mãe. Meu padrinho de consagração é são Gonçalo. Minha mãe confirmou-me que me entregou também à proteção da Virgem do Carmo. Desde o ventre materno eu recebi o carinho e o afeto dos meus pais e escutava deles, das minhas irmãs Adalcinda, Ocirema e Zuzu , dos meus avós, tios e tias, parentes , familiares, amigas , muitas histórias e narrativas populares que continuo ouvindo, sobretudo as do boto que faziam festa no rio, na frente de casa que eu sempre gostei de ver e ouvir e por isso a fala, o sotaque, o dialeto , o cotidiano popular, o povão, os excluídos, os marginalizados, o lendário e o imaginário de minha região são temas permanentes – sina e fado – do meu fazer literário, pois em minha formação – raiz cultural – convivi com pajelanças, crendices, com a liturgia católica, com o imaginário religioso, com as águas, defumações, banhos, o sincretismo, a mitologia, visagens, maldições, matintaperera,cupelubo, lobisomen, curupira, boiúna, cobra grande, índios, prostitutas, arraial negro, vivendo um cotidiano místico e mágico entre cuias pitingas, preamares, preparados, beberagens, banguês, samba de cacete, ladainhas, emplastros, reimosos – feitiços – vindicás, tajás, assombrações, superstições , amuletos, mundo simbólico de que se serve o povo da sociedade amazônica para explicar-se tão sedutor, sensual, dançante, amoroso e misterioso. Por tudo isso também sempre tive a proteção da Senhora das Águas, das entidades, das encantarias da água, dos encantados da terra, de toda parte, de São Jorge, guerreiro. Sou curado, curadíssimo, blindado. protegido por Deus e pela Virgem Mãe de Deus em todos os seus títulos: Fátima, Nazaré, Carmo, Guadalupe, Poderosa... Assim não fosse, teria chegado aqui e estaria contando esta história pra você ? E como dizia meu pai, sob a proteção do Deus-Pai, do Deus-Filho e do Deus-Espírito Santo e de todos os anjos e santos, querubins e serafins e de todas as divindades,potestades e entidades, desejo a você, caro leitor, no dia do meu aniversário natalício , muitas bênçãos, graças e luzes do Espírito Santo de Deus para que seja sempre muito feliz e faça os outros, felizes !!!

Um comentário:

Alcinéa Cavalcante disse...

Meu querido Larêdo, com um tantinho de atraso, mas imensa ternura e afeto te desejo feliz aniversário.
Paz, saúde e amor sempre e vida longa e feliz.
Um abraço bem apertado e um cheiro pra ti.
Abraços e beijo também pra Lygia e Felipe.
Alcinéa