segunda-feira, 12 de junho de 2017

OS CEM ANOS DE VIDA DA TIA ZITA - ANTONIA LARÊDO AMÉRICO – NESTE 13 DE JUNHO DE 2017 – PARABÉNS, TIA ZITA, A DOCE PRESENÇA ALEGRE EM NOSSAS VIDAS! FELIZ ANIVERSÁRIO! EXULTAMOS CANTANDO JUBILOSOS OS PARABÉNS DESSE GRANDE ACONTECIMENTO!

Salomão Larêdo 

No dia 13 de Junho de 1917, nasceu Antonia Gonzaga Larêdo, a primeira filha do casal José Larêdo da Costa e Ana Teonila Gonzaga Larêdo, numa humilde casa de gente simples do interior de Cametá, no Pará, em uma pequena Vila do Carmo cametaense cuja padroeira é Nossa Senhora do Carmo, a mesma, que com o nome de Virgem de Fátima[1], há um mês havia conversado, em português, com três crianças filhos de gente simples do interior de Portugal e agora ouvia os agradecimentos de Ana e José, a Deus e a ela que, Virgem do Carmo, entendia tudo que o casal dizia na língua portuguesa que se fala no Brasil. 13 de Junho de 2017, a Antonia – que virou tia Zita –, completa 100 anos de idade! 

Feliz aniversário! 

Parabéns tia Zita. 
Data histórica para toda a nossa família. 
Efeméride importante, diria meu pai Milton Larêdo.

Estamos agradecidos a Deus por vida longeva e cheia de tantas bênçãos e graças que concede a Tia Zita, figura humana plena de exemplos de vida e muita fé em Deus, crença na Virgem da Conceição. 


Trabalhadora, companheira de seu marido Alípio Américo, de apelido Mirico, em casamento de mais de 60 anos, mãe amorosa de seus filhos, netos e bisnetos, amiga de seus irmãos, zelosa tia dos sobrinhos e apaixonada por toda a sua família e pela vida. 


Mulher forte, alegre, otimista, de memória segura, completa neste dia 13 de junho de 2017, um século de existência. É a primeira pessoa da nossa família Larêdo a completar um século de existência junto dos seus. 


Tia Zita é referência em Mocajuba e muito estimada por saber fazer a vontade de Deus e, apesar de todas as dificuldades, dores e limitações da própria idade – perder os pais, três filhos crianças, irmãos, marido, parentes, conhecidos, amigas, não possuir mais a visão, a mobilidade - é compreensiva e com simpatia, amizade e alegria tem a palavra certa, afetuosa e carinhosa para quem a procura e quer ouvir conselhos sapienciais de seu coração sempre inflamado pelo fogo do Espírito Santo e inflado desse amor, porque salmodia todo dia e em permanente oração, fortalecida nas rezas, testemunha, com sua vida, a sua relação de filha de Deus, e confiada nesse amor e na alegria divina é portadora de luzes e graças e por isso a sua conversa dá ânimo nas pessoas que se sentem felizes com essa convivência de paz e ternura que tia Zita transmite. 

RAZÕES DE AFETOS 

Poderia passar horas e horas desfiando e desfilando os dons que Deus dá a tia Zita. Prefiro, no entanto que o leitor usufrua dos relatos que eu ouvi em pequenas prosas com ela quando algumas vezes, estive em Mocajuba, onde mora há muitos anos e cuida da família com zelo e muito amor ou das inúmeras vezes em que nos falamos por celular e ela, reconhecendo os limites da idade, é sempre pessoa otimista, pergunta sempre por Maria Lygia e Filipe e manda beijos e ainda conta os fatos do inicio da nossa família, cujos textos comprovam ao leitor a história. 


Quem vive cem anos, é pessoa abençoada e privilegiada. Privilegiados são os filhos e todos nós que fazemos parte da família dessa centenária figura com quem aprendemos a valorizar e amar o lugar e a família em que nascemos. 


Parabéns, tia Zita. Beijos! 


REGISTRO DE RELATOS 


Para saber quem é Zita Larêdo, tio Mirico Américo os filhos, começo da vida na Vila do Carmo, em Mocajuba, publicamos a seguir, em homenagem ao Centenário de Tia Zita, textos diversos sobre assuntos importantes que aconteceram em nossa família, em que ela, Tia Zita, faz a narrativa lúcida, histórica e restauradora da vida nos primórdios da vida da Família dela que constituiu junto com o tio Mirico e, da Família Larêdo. 


Para saber mais, além do que contém os textos a seguir que foram publicados em diversos livros e mídias em ocasiões diferentes, procure ler os seguintes livros: A Família de Milton e Lady Larêdo; Vila do Carmo- Paisagem de Afetos; Terra dos Romualdos - País dos maparás; Tio David Padre David – a vida em fatos e fotos do padre David Larêdo. 


ACONTECIMENTOS DO INÍCIO DA VIDA MUITO DIFÍCIL 

Salomão Larêdo 


No dia 13 de julho de 2004, em visita a tia Zita, tio Mirico e meus primos, em Mocajuba, eu, minha mulher Maria Lygia e minha irmã Ocirema, como sempre, fomos bem recebidos e tia Zita ao abraçar a mim e Ocirema, nos aconchegou a ela, de cada lado e chorou, dizendo que tinha muitas saudades de nossa mãe, sua irmã Lady e dos demais irmãos (Artênio e Domingas) e parentes falecidos. 
Contou que após o falecimento de seu irmão Artênio (13.08.2000), somente recentemente (fim do mês de maio de 2004) sonhou pela primeira vez com ele que se apresentara muito bem disposto e lhe disse que sua prima Alécia havia falecido. Tia Zita no dia seguinte soube que seu compadre Élio Satiro de Melo havia falecido (29.05.04), em Belém. Alécia estava na Vila do Carmo, recuperando-se de um acidente vascular cerebral. 
Depois do almoço, pedi a tia Zita que contasse aquela história da farinha[2], quando era criança. Tia Zita recontou assim: 


Que o pai, José Larêdo da Costa, estava doente e não havia nada para comer e ela, na condição de filha mais velha, com doze anos de idade, resolveu ir fazer farinha no centro e convidou tio Artênio que tinha oito anos de idade. 


Ao chegarem no centro, distante uns trinta quilômetros da Vila, cuidaram de arrancar, descascar e ralar mandioca; foram ao igarapé para limpar a mandioca que estava na água e depois de espremerem, precisavam catar lenha para o fogo e ao retornarem, perceberam que o forno estava quebrado e arreando porque o barro que o sustentava tinha caído. Foram então atrás do barro e encontraram-no em lugar distante onde também havia muito uxi e umari e se distraíram juntando para trazer e isso serviu-lhes de café e almoço, porém, perderam muito tempo nisso. 


Levaram o barro e depois que estava no ponto, consertaram o forno, fizeram o fogo e em seguida a farinha e quando colocaram tudo nos paneiros de costa, já era bem tarde e ao penetraram no caminho, logo escureceu e tia Zita, embora mais velha, estava com mais medo e pôs-se a caminhar na frente e o canto dos pássaros metia medo e lembrava as histórias que contavam e ela ficava ainda com mais receio, contudo, caminhavam. 


Numa certa imediação, ouviram uma zoada e ela disse ao irmão Artênio que não respondesse que podia ser visagem. Mais adiante ouviram a mesma zoada e o irmão Artênio comentou que parecia a voz do tio Manoel e do pai deles e então responderam e logo eles se aproximaram portando um facho de luz e o pai estava aborrecido com eles pela demora e queria até bater neles, quando o irmão Manoel não deixou e chamou-lhe atenção dizendo que eram crianças e estavam trabalhando. Chegaram em casa, cansados, mas o que levaram deu para mitigar a fome alguns dias. 


Nessa mesma ocasião contou que devia ter uns oito anos – seria então por volta de 1926 -,mamãe estava pro centro com papai e não havia nada pra comer. Pedi ao Artênio que tomasse conta da Lady que ainda era criança e estava doente - Lady era uma criança que só vivia doente - e eu então desci pro quintal e fui pro igarapé que passava atrás de casa e lá havia uma tapagem de um conhecido do papai e pedi pra ele pra lancear. Ele disse que a permissão era só pra lancear, gapuiar, não, e eu, claro, respeitei e então peguei um aracu pinima (amarelo e branco) –. 


Outra vez, saí pro Baxo com umas pessoas amigas - que gostavam de me levar porque eu era muito esperta - e pegamos muito camarão, e só do graúdo. 


Na frente da casa do tio Manoel (onde hoje é a casa de vocês) havia um cacuri, que tinha sido feito por seu Tonga e estava abandonado e eu o Artênio descemos pra pegar água no porto e eu, curiosa, fui olhar o cacuri que estava todo esburacado e todo arrebentado, apodrecido e quando vi, lá dentro tinha um tucunaré razoavelmente grande, bonito e eu peguei um pedaço de madeira e bati na cabeça dele e para que ninguém visse pedi ao Artênio que tirasse a camisa e com ela embrulhei o peixe e fomos embora pra casa. Tratei o peixe e deixei no jirau meio escondido, para fazer uma boa surpresa para a mamãe que chegaria da roça, junto com papai, exausta e faminta e combinamos de ficar quietos e ela foi logo perguntando quem havia tratado peixe no jirau e o Artênio, todo feliz, o olhar brilhante, abraçando as duas pernas da mamãe, disse: - A Zita pegou um tucunaré grande na tapagem do seu Tonga!!! 


Mamãe então ficou preocupada e disse que devíamos ir entregar o peixe ao dono. Então eu disse que não, que nós havíamos visto o peixe e o pegamos na tapagem abandonada e, portanto o peixe era nosso. E naquela discussão, tio Manoel, irmão de papai, entrou na casa e depois de ouvir todas as explicações afirmou que o peixe nos pertencia porque o cacuri estava abandonado. 

Mas, mamãe não aceitava. 

Tio Manoel ponderou que deixasse de besteira e ela foi firme: 

- Eu não quero ninguém comentando por aí que meus filhos são ladrões. 

- E não são! - disse tio Manoel. 
Que em seguida comentou: 
- Ana, quem vai saber que eles pegaram o peixe? 
Depois de muito custo, mamãe cedeu e então preparou uma comida deliciosa para todos nós. 
- Por que a senhora, tia Zita, não preparou logo a comida? 
- Por que a mamãe cortava os tamanhos certos para cada um de nós. 


Tia Zita explicou que quando a mãe fazia, a comida tinha outro sabor, o peixe rendia mais. 


Eles estavam felizes com a boa surpresa que premeditaram, se entreolharam contentes e que o jirau ficara sujo porque eles ainda eram crianças, não sabiam limpar direito e a mãe, mais experiente, logo percebeu – mesmo eles querendo que ela não cismasse de imediato com nada - que alguma coisa estranha – contudo, boa - havia acontecido na sua ausência. 
Naquela época, a mãe colocava comida no prato, a gente comia e não pedia mais alegando que ainda estava com fome. Era o que a mãe botava no prato, tão somente. Todos nós nos contentávamos com aquilo que a mamãe dava para cada um. 


Tia Zita comentou que o seu pai José gostava muito do tio Mirico, e que procurava estar por perto deles quando namoravam e que muito se aborreceu e chegou a bater nela quando soube que ela estava grávida. 


Tia Zita menciona que conseguia as coisas, quase como um milagre, parecia que havia proteção divina, porque o caso do tucunaré, o peixe era bem grande (e rendeu comida para uns dois a três dias) e a tapagem estava toda cheia de buracos, portanto, fácil do peixe escapar e por ser grande, ficava difícil segurá-lo; idem no lancear no igarapé e também na fabricação da farinha, havia dificuldade, mas depois tudo dava certo. 

Isso faz-me lembrar que minha mãe Lady contou-me que foi para o centro com tio David para ver se conseguiam algo para comer e trouxeram um tatu. Ela entendia que era Deus quem colocara a caça no caminho deles e que o bicho não esboçou reação quando eles foram pegá-lo 

Tia Zita disse que a situação em sua casa era de muita dificuldade, pois o pai era homem de saúde precária. 

Informou que muito ajudou seus pais e irmãos e que todos os seus irmãos desde cedo procuravam ajudar a mãe, Ana Teonila Gonzaga Larêdo, principalmente depois que ficou viúva. 

Tia Zita contou que o casal Ana Teonila Gonzaga Larêdo e José Larêdo da Costa teve os seguintes filhos: Zita, Artênio, Manoel (falecido aos sete meses de idade), Julite (falecida aos três anos de idade), Lady, Benedito (falecido aos dois anos de idade), Domingas, os gêmeos David e Davina, Peca, José (Josezinho, falecido aos três anos de idade, era muito ligado à sua irmã Lady, com ela aparece na foto no início deste livro). 

Tia Zita comentou que Manoel, Julite, Benedito, Davina e José, faleceram de infecção intestinal, que era comum na Vila criança vir a falecer assim, depois de passar diversos dias com febre intensa. 

Tia Zita informou[3] que teve os seguintes filhos: Eurico, Zezinho, Dayse, Maria, Maria Náide, Ana, Graça, José Teófilo e Paulo. 
Zezinho, Maria e Ana, faleceram em tenra idade. 


ANA TEONILA GONZAGA LARÊDO, PRESIDENTE DA FESTA DO CARMO, LÍDER COMUNITÁRIA, ZELADORA DA IGREJA, MÃE AMÁVEL, ATENCIOSA E GENEROSA 

Salomão Larêdo 

Casada com José Larêdo da Costa, o casal teve os seguintes filhos: Antonia (Zita) Artênio, Maria do Carmo (Lady), Domingas, José, Davina e David (gêmeos) Iolanda (Peca). 


“Minha mãe Ana Gonzaga era uma boa mãe, mulher amável, atenciosa, generosa. Quando os filhos ainda estavam pequenos, ela cuidou muito bem de todos e quando cresceram, passou a ajudar mais efetivamente meu pai, José, na roça, no campo, eram lavradores.” 


Assim começou a responder a minha pergunta – quem foi sua mãe? - a tia Zita – Antonia Larêdo Américo-, filha mais velha de minha avó Ana Gonzaga, que nasceu em Vila do Carmo do Tocantins no dia 13 de Junho de 1917, hoje com 99 anos de idade, viúva do tio Mirico (Alípio) Américo, que mora em Mocajuba com filhos e netos. 

Desejando obter sempre mais informações acerca de minha família de origem, conversei pelo celular com tia Zita, às 16h do dia 20 de Agosto de 2016. Ela tem por hábito ficar pela parte da tarde, sentada no pátio interno de sua casa, em Mocajuba, e o celular perto, ela mesma atende e conversa que foi como mais uma vez procedeu comigo que de quando em vez ligo para saber como ela está e pergunto por coisas atuais - ela falou da nova neta, filha do Paulo, que se chama Eva - e respondeu ao que perguntei, segura, raciocínio rápido e lembrando de fatos de hoje e de ontem, ou seja, memória recente e antiga, enorme lucidez e muita alegria ao falar e pela voz diz meu nome. 


Eu sei que depois do almoço tia Zita fica no pátio interno de sua casa, rezando e lá atende as minhas ligações ao seu celular e então proseamos. 

Desta vez, eu quis saber o que ela lembra da mãe Ana Teonila Gonzaga Larêdo. Ela então me disse que era uma mulher forte, formidável. Costurava em casa e fazia nossa roupa, consertava. Rezava muito e seu sonho era ter um filho padre. Realizou isso com o David que depois de estudar, foi ordenado sacerdote. Mamãe dava aula de catecismo e era zeladora da igreja, do apostolado da oração. Era uma líder em sua comunidade onde todos tinham grande estima e respeito por ela que sabia tratar a todos, com firmeza, segurança, compreensão. Era uma pessoa amável, atenciosa, generosa. Tornou-se líder da comunidade e da nossa Vila do Carmo. Foi eleita presidente da Festa do Carmo alguns anos. Ela arrumava a igreja e vestia as santas, cuidava para que tudo sempre estivesse limpo, organizado, enfeitado. 

Minha mãe era uma pessoa otimista, educada, animada, risonha e afável com todos. Cuidava com muito zelo de todos nós. 

Mamãe gostava de fazer panela de barro e fazia muito bem. 

E seu pai, José, como era? Basta olhar pro Salomão Larêdo. Assim era meu pai, fisionomicamente. Era homem alto, trabalhava na roça, era filho de judeu. 

Quem nos contava muito caso, porque era muito prosista, era tio Manoel, irmão do papai. 

Quem era tia Maria da Costa? Pergunto e tia Zita responde: era prima do papai, casada com Benedito Medeiros, padrinho do Artênio, com quem morou, no final de sua vida, quando já estava viúvo. Tio Medeiros era tapagista, tinha tapagem, pegava muito peixe. 

Observações: Quando tia Zita menciona que sua mãe Ana era uma mulher animada, posso confirmar essa afabilidade com os netos. Recordo certa vez, que, já adolescente e passando férias em sua casa na Vila do Carmo, quis fazer uma festinha e fui pedir a ela que não só permitiu como providenciou o petromax – não havia luz elétrica e o petromax, uma espécie de candeeiro, movido a álcool e pressão, proporcionava boa claridade - para iluminar o ambiente e patrocinou a compra das pilhas para a eletrola funcionar e, alegre, por nos ver feliz, passava sempre na sala para ver se estava tudo bem. 

Minha avó Ana Teonila Gonzaga Larêdo, nasceu na Ilha do Moiraba, era afrodescendente. Mulher alta, forte, segura, sábia, corajosa, firme e generosa, mantinha, em sua casa, o hábito de receber, cedo, em sua casa, quem quisesse conversar e fornecia uma xícara de café, chamado “café simples”, que passava diversas vezes no ambiente, sempre cheio de gente. 

No salão da casa, muitas vezes, a noite, rezava-se o terço e depois a ladainha de Nossa Senhora, que as mulheres começavam e os homens terminavam. Uma vez, garoto, fui juntar-me aos mais velhos e tentando imitá-los, estava atrapalhando a cantoria e quando me dei conta estava sendo removido pela orelha e fiquei ajoelhado ao lado dela sem dar um pio. 

INICIO DA FAMÍLIA LARÊDO, CONFORME CONTA TIA ZITA (ANTÔNIA LARÊDO AMÉRICO) 

Salomão Larêdo 

Em conversa com tia Zita, em Mocajuba, onde mora, no dia 29 de Julho de 2015, às 18h30, disse que sabia informar que Jacob Larêdo, chegou a Vila do Carmo - Cametá e casou com Tereza e teve dois filhos: José Larêdo da Costa e Manoel Larêdo da Costa. 

José Larêdo da Costa, meu pai, casado com Ana Teonila Gonzaga Larêdo, minha mãe. 

Que chamava papai Gonzaga a José Antonio Gonzaga, seu avô, pai de sua mãe Ana, que era casado com Levinda de Almeida (era natural da ilha do Moiraba) José Antonio Gonzaga, de cor negra, era natural do Aripijó. 

Levinda de Almeida era irmã de Tereza de Almeida (tia Teté), casada com João, conhecido como João Cacau, pais da Ninita (Ermita de Almeida Larêdo) casada com meu primo Moisés, filho do tio Manoel Larêdo que era casado com Almerinda Biósia Barroso. 

Tia Maria da Costa era prima do papai. Era casada com Benedito Medeiros (pescador). Tia Maria da Costa era alta, magra. 

Vovô Mota, era como nós chamávamos para Gonçalo, irmão da vovó Tereza, que tinha um irmão chamado Antonio Monteiro (que morava na ilha do Moiraba). 

Tia Serafina era mãe do tio Samuel Bensabath que era primo do papai. Tio Samuel tinha uma irmã de nome Margarida. Tia Serafina morava numa casa ao lado da casa do vovô Jacob, que depois foi vendida ao seu Tonga e comprado por Ivo Gaia onde morou tia Nenê Marçal que teve com ele diversas filhas. 

A casa do vovô Jacob e vovó Tereza é onde se encontra a casa da Lady[4] , minha irmã e do meu primo Milton. Essa casa foi doada por tio Manoel ao primo Milton. Lá funcionava a escola do tio Manoel. 

Tia Margarida teve as seguintes filhas: Zazá, Quiquita e Luna. Depois casou com Santinho Cohen e teve: Didi, Naíde e Sinhazinha que é mãe da Helena e da Djanira. 


SOBRE A VOCAÇÃO SACERDOTAL DO TIO DAVID 

Em conversa telefônica com tia Zita, às 17horas no dia 19 de abril de 2008, ela contou que tio David quebrava a rama de um arbusto chamado “capim de bode” e enfiava na cuieira para ser o altar e lá, ele imitava celebrar a missa que era assistida por muitas crianças, a maioria nossos parentes que iam pra lá se meter nas brincadeiras que David armava. 

- Ele usava alguma coisa que parecesse paramento que os padres usavam quando celebravam missa? 

- Não, ele estava brincando, usando roupa normal. 

No quintal, eles todos faziam um andor de miriti, enfeitavam com “capim de bode”, colocavam uma imagem do Coração de Jesus e saiam cantando um hino do qual eles só sabiam o refrão que era assim: 

É o coração de Jesus! 
É o coração de Jesus! 
É o Coração de Jesus! 

A gente ouvia longe a voz das crianças ecoando pela Vila do Carmo, nosso lugar, naquela época, tão pequeno e tão pobre! 

Mamãe dizia: lá vem a procissão dos índios! 

É que naquela época, as crianças, filhos de gente simples e pobre – toda a comunidade era de parcos recursos -,andavam com pouca roupa e assim eles iam brincar, nus da cintura pra cima, meninos e meninas. Os menores, acompanhavam nus, totalmente, então, da cintura pra cima, estavam todos sem roupa, por isso ela falava procissão dos índios. 

Uma vez chegou na Vila, um padre – ainda não eram os holandeses -, desses que apareciam depois da semana santa, para o que se chama na época de “desobriga” e reuniu as crianças para o catecismo e fez perguntas e quando chegou a vez do David, ele perguntou alguma coisa que agora não lembro e o David respondeu: 

- Eu perco a confissão, mas não perco a fé. 

O padre comentou que gostou da resposta, que era isso mesmo e coisa e tal. 

- Vocês imaginavam que um dia ele seria padre? 

- Não, não passava pela nossa cabeça. Porém, mamãe dizia: 

-Esse menino vai ser padre, ele gosta muito de reza. 

E a gente comentava: sim, quem sabe é que é ele vai lhe dar uns quantos netos! E mamãe sorria. 

Depois de um tempo, acho que o David já tinha uns 14 para 15 anos, o padre Tiago Poels que era de Mocajuba e ia celebrar pela Vila, convidou David pra ajudar a missa e depois ele veio pedir pra mamãe o David, para que ele estudasse em Mocajuba. 

Mamãe ficou pensativa e conversando comigo, quis saber minha ideia e eu disse que ela era quem resolvia, que eu mesma estava querendo ir pra Mocajuba, porque já estava casada, já tinha o Eurico e precisava matricular ele na escola e eu tinha estado em Mocajuba pra missa que o padre Edmundo , filho do lugar, foi celebrar. 

Papai já tinha morrido e mamãe então foi conversar com tio Lourenço que era o zelador da igreja da Vila e chegou em casa e eu quis saber o que ela tinha decidido e mamãe então disse o seguinte: eu acho que vou enfrentar esta saudade. 

David foi para Mocajuba e mamãe de vez em quando ia visitá-lo. E quando o pe. Tiago ia celebrar na Vila, levava o David. Depois ele veio pra Belém. (do livro “Tio David Padre David, a vida – em fatos e fotos – do cônego David Gonzaga Larêdo)..”


Este é uma plaquete em homenagem à tia Zita Larêdo, pelo seu centésimo aniversário natalício, completados neste 13 de junho de 2017.Um mimo de seus sobrinhos: Salomão, Maria Lygia e Filipe Larêdo. Belém do Pará, 13 de junho de 2017.


[1] Nossa Senhora do Rosário de Fátima
[2] Esta nota, publicamos no livro “Vila do Carmo...”, da seguinte forma: N. do A - Obs: a história da farinha, aí em cima, está contada em outra parte deste trabalho. Acrescento e mantenho esta outra versão, porque a anterior, é um registro escrito que tia Zita me mandou e esta versão é um registro oral.
[3] Assim esta observada na publicação feita no livro “Vila do Carmo...”: Minha prima Maria das Graças Larêdo Américo, que é dentista, participou de toda esta prosa.
[4] No quintal havia uma figueira, certamente trazida do Marrocos, de onde veio o velho Jacob, judeu sefardista e plantou no quintal, ao lado de um pé de canela.


INFORMES GERAIS SOBRE ZITA LARÊDO.

Nome de solteira: Antonia do Carmo Gonzaga Larêdo.

Apelido caseiro: Zita

Filha de José Larêdo da Costa e de Ana Teonila Gonzaga Larêdo (nome de solteira: Ana Teonila de Almeida Gonzaga) 

Casada com Alípio Américo de Araujo, (tio Mirico) passou a assinar:

Antonia do Carmo Larêdo Araujo. Mas, na prática, assinava: Antonia Larêdo Américo

O único filho que leva Araújo no nome é Eurico Larêdo de Araújo. Os demais assinam Larêdo Américo: Daise, Maria Naide, José Teófilo, Paulo e Ana Paula (adotiva). 

Até a presente data, tia Zita tem: 18 netos e 8 bisnetos.

Belém, 22 de maio de 2017. Informações checadas com Maria das Graças pelo celular (msn), nesta data. 

Fotos dos acervos de Maria das Graças Larêdo Américo e de Salomão Larêdo









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