sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O ardente amor de um padre - encíclica cametaense – situação estritamente confidencial - romance transubstanciação

Salomão Larêdo escritor e jornalista 


A personagem principal – Antônia - é um tipo popular cametauara, feirante e gestora de uma casa de encontros chamado de Vila Japiim, na periferia da cidade de Cametá na décadas de 50/60. Mulher livre, solteira, provocante sedução, alegre, feliz, amiga de todos e afilhada de um líder político da cidade que foi quem a batizou de _ Cudefacho - apelido com o qual Antônia ficou mais que conhecida ajudando quem precisasse, sobretudo se estivesse em situação de risco: perseguição política – na prisão - sem teto – famintos – desabrigados – doentes – injustiçados em geral. Precursora dos movimentos sociais e mulher de ação é tida, para a repressão, como elemento perigoso e por isso era constantemente presa e torturada. Porém, blindada, jamais delatou alguém. Antônia e um padre se apaixonaram e viveram intensas emoções... Neste romance transubstanciação o autor faz uso do dialeto cametaense.

O romance Antônia Cudefacho - o ardente amor de um padre é uma encíclica (gênero literário) social escrita em língua brasileira, em dialeto cametaense. É uma encíclica pontifícia porque proveniente das gentes das pontes, portanto, é também estivista, da estiva, gente das ilhas, gente pobre, gente excluída, indigente e gente, mesmo.


Trecho do livro Antônia Cudefacho

...Depois do último dominus vobiscum ardente e sensual de Antônia que já lhe esperava no leito perfumado com flores de limoeiro, sua alma totalmente carnal embebia-se do que exalava de vinho dos lábios do padre que sorvera o cálice com frenesi antes de distribuir a comunhão. Antônia peora na arte da sedução ficava mais provocante para seu homem, espiada por Zaion e Tise, duas mulheres fugidas dos campos de Goiás, refugiadas no amor dos políticos cametaenses, elas queriam ver como era a do padre. Matilde passava depois e tapava a fresta com o calafeto dos barcos, na hora do jorro, só Antônia podia receber, ela se aproximava do corpo branco e o beijava com a técnica inerente à condição, com a volúpia imanente e beija os pés, pernas e virilhas, rosto, boca, subia e descia naquela cerimônia de ritos e mitos de uma liturgia natural, os papagaios descendo em bandos para as ilhas, suas mãos enluvadas deslizando, provocando molhos molhados, jogo ardente da lenda que passa rés ao casco, Antônia se reinventava para seu homem, para ela, apenas seu homem, nada mais e mais que isso nem pensava querer.

Antônia não sabia o que era pecado, só o amor, a entrega, o doar-se, o satisfazer seu homem dela e de Deus, do Pai e dela, a mulher do padre. Pecado é não amar e amar, era com ela mesma. Liberdade e compromisso social, apenas isso na sua cabeça...

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