quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Para Filipe Larêdo, editor da Empíreo, é importante a iniciativa de promover uma feira como a FLipa, que busca aproximar todos os interessados, de modo a divulgar a literatura paraense para o país inteiro.

ENTREVISTA: FILIPE LARÊDO

Por Camila Andrade

Postado em 14 de outubro de 2014 no site http://flipara.com.br/2014/10/entrevista-filipe-laredo/




Formado em direito e produção editorial, Filipe Larêdo é criador e editor-chefe da Empíreo. Em entrevista, Filipe conta da trajetória da editora, livros publicados e seu envolvimento com a I Feira Literária do Pará.

Abrir uma editora literária no Brasil é nadar contra a maré?

Prefiro pensar que ter uma editora de livros no Brasil é uma história fantástica, cheia de aventuras e desafios, mas com um final feliz a cada etapa concluída. É isso que temos experimentado na Empíreo. Com apenas um ano de existência, temos o privilégio de possuir cinco livros em nosso catálogo, e mais um vindo até o fim de 2014. Isso é bastante coisa para uma editora nova, com um perfil mais caprichado nas publicações, que é o que buscamos fazer sempre. Olhando para a frente, muita coisa ainda pode acontecer e é inevitável perceber que muitas dificuldades surgirão, mas não acredito que estejamos nadando contra a maré. Penso que todos os envolvidos com literatura precisam encontrar a correnteza correta e investir nela, pois existem muitos leitores e autores por aí, loucos para ter acesso a bons livros.

O que diferencia uma editora independente de uma editora corporativa?

Acredito que a maior diferença entre elas seja a autonomia. Editoras independentes possuem uma flexibilidade ausente no formato engessado dos grandes selos, o que torna alguns projetos mais personalizados e dinâmicos. Além disso, as editoras independentes fogem das tiragens estratosféricas normalmente feitas por grandes editoras e preferem investir em pequenas tiragens, de 500 a 1000 exemplares, correndo menos riscos de entupir seus estoques com livros que não foram vendidos. No cenário brasileiro, em que centenas de livros são publicados todos os meses, arriscar em tiragens muito altas eleva o risco de encalhe, e as editoras independentes, cientes disso, procuram dar tiros certos em livros cujo público leitor já manifestou interesse em adquirir.

Qual a participação da editora Empíreo na FLiPA?

Inicialmente, participamos da construção das primeiras ideias, mas aos poucos verificamos a possibilidade de contribuirmos de maneira mais efetiva e substancial. Foi quando surgiu a oportunidade de promovermos a publicação de duas obras de autores paraenses, o que depois veio a se chamar Prêmio Nobre e Prêmio Fox. Dessa forma, poderemos reeditar um clássico da literatura paraense de 1983 como Belém, Belém, do autor Alfredo Oliveira, além de descobrir um novo talento que nunca tenha sido publicado antes. A iniciativa é 100% privada, numa parceria entre Fox e Editora Empíreo, e a intenção é que essas publicações sejam lançadas anualmente, sempre por ocasião da FLiPA.

A editora Empíreo já publicou uma obra de escritor paraense. Como você vê a aceitação da literatura paraense no mercado nacional?

A literatura paraense, assim como qualquer outra feita no restante do Brasil, possui atributos suficientes para torná-la acessível e sedutora. Claro que estou falando de bons livros, pois em todos os mercados é necessário que se faça essa diferenciação. Vamos ver alguns exemplos? O Edyr Proença foi recentemente publicado na França e na Inglaterra, países cuja tradição literária é indiscutível. E o Salomão Larêdo já recebeu inúmeros reconhecimentos por todo o Brasil, incluindo o Prêmio Monteiro Lobato da União Brasileira de Escritores, no Rio de Janeiro, que recebeu na Academia Brasileira de Letras e uma homenagem-participação feita pela Feira do Livro de Porto Alegre, uma das maiores do país.

O que vejo não é a falta de aceitação da literatura paraense no mercado nacional, mas sim a grande distância entre autores paraenses e leitores, até mesmo dentro de sua própria região, o que contribui para que haja um certo isolamento. Por isso é tão importante a iniciativa de promover uma feira como a FLipa, que busca aproximar todos os interessados, de modo a divulgar a literatura paraense para o país inteiro.

A internet é vilã ou mocinha no que diz respeito ao fomento à literatura?

Como todas as ferramentas criadas pelo homem, a internet pode executar um papel benéfico e maléfico para a sociedade, especialmente para a literatura. Ao mesmo tempo que permite a comercialização praticamente ilimitada de livros, ela espalha conteúdos sem que sejam respeitados os direitos do autor. Ao mesmo tempo que disponibiliza espaços de divulgação tão grandes quanto a criatividade de quem a manipula, também afoga o público com uma enxurrada de informações. Porém, de modo geral, os efeitos benéficos para a literatura são maiores, pois dá acesso a uma das mais restritas formas de arte criada pelos seres humanos. Assim, o autor paraense, por exemplo, encontra referências acadêmicas riquíssimas de uma biblioteca romena, o que sem a internet seria bastante difícil, e um leitor de Cabrobró pode ficar sabendo da FLiPA, mesmo sem poder estar presente. Estar a apenas alguns cliques do seu assunto preferido é excelente, e a internet é a melhor ferramenta para isso.



Filipe Larêdo é um amante dos livros e aprendeu a editá-los. Atualmente trabalha na Editora Empíreo, um caminho que decidiu seguir na busca de publicar livros apaixonantes. É formado em Direito e em Produção Editorial. 

Filipe Nassar Larêdo
Editor/Publisher
http://editoraempireo.com.br/
contato@editoraempireo.com.br


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