segunda-feira, 18 de novembro de 2013

LEIA A ENTREVISTA COM SALOMÃO LARÊDO À REVISTA TODA, ENCARTADA NO JORNAL DIÁRIO DO PARÁ


Click na imagem para melhor visualização

Livro de Salomão Larêdo resgata memória do Baixo Tocantins

Por Iva Muniz* Fotos Klelson Pinto
*"Salomão Larêdo, 64, lançou na semana passada seu 39º livro, intitulado "Terra dos Romualdos País dos Maparás", uma forma que o autor encontro de chamar atenção dos leitores para a região do Baixo Tocantins, assim como para a história e cultura do povo amazônico. Conta que o termo "País dos Maparás" foi também estratégico para destacar a degradação que a chamada "modernidade" impões ao meio ambiente. "A construção da hidrelétrica de Tucuruí quase dizimou a nossa fauna ictiológica, onde se sobresaia o Mapará que quase é exterminado, enfatiza". No livro, Salomão retrata a área da educação, religião, religiosidade, usos e costumes daquela região. Confira mais detalhes sobre o livro na entrevista com o escritor."
Nome: Salomão Larêdo
Idade: 64

Quantos livros já lançados?
Editados e publicados, com este, são 39


1. Quando ouviu falar pela primeira vez dos“Romualdos” em Cametá?
Nasci na Vila do Carmo, município de Cametá e naturalmente, na convivência com meus pais e minha família, fiquei sabendo da existência desses dois vultos históricos. Dom Romualdo Coelho, primeiro bispo do Pará, e o sétimo bispo a comandar a diocese de Belém nasceu no sítio Paricateua, no Moiraba, perto da Vila do Carmo e como presidente da junta governativa do Pará, assinou a adesão do Pará à Independência, no dia 15 de agosto de 1823. Seu sobrinho, dom Romualdo de Seixas, nasceu num sítio em Mutuacá, Cametá e é o segundo bispo cametaense e o primeiro bispo brasileiro que se tornou Arcebispo Primaz do Brasil, em Salvador, Bahia nessa função que exerceu por quase 30 anos, foi quem coroou dom Pedro II, que outorgou-lhe o título de Marques de Santa Cruz.

2. Do que se trata o livro exatamente?
O livro não é sobre os Romualdos, apenas dei esse título pra chamar a atenção de todo paraense e amazônida que devemos valorizar o que é nosso, nossa gente, nossos vultos históricos, nossa cultura, nossa história. Cametá, em razão dos dois bispos terem nascido lá, com o mesmo nome, Romualdo, passou a ser chamada "Terra dos Romualdos", mas hoje, percebo que há um certo apagamento com relação ao nome deles e a a história do Pará que não estudamos, não conhecemos e não valorizamos. O livro contém, claro, informações sobre os Romualdos, mas é um livro que trás muito registro memorial do povo do Baixo Tocantins, em alguns aspectos, como por exemplo, na área da educação, religião, religiosidade, usos, costumes, navegação e outros. Quero sublinhar, que, é na área da educação, onde há maior dado, mais informes, pois há conteúdos de como tudo começou.

3. O que deve ser feito para que não nos percamos da nossa história? 
Valorizar o que é nosso, estudar nossa história e para isso, investir em estudo, em pesquisa na preservação da memória, qualquer memória, que incluí os documentos históricos, familiares, fotos. O professor precisa ler mais e ser instruído sobre o que é nosso, precisamos saber, conhecer nossa história, do contrário, eles vão levar tudo. Já levam nosso minério com enorme avidez pra China, levarão tudo o mais se não valorizaremos, conhecermos, estudarmos e isso é urgente que deve ser feito com urgência.


4. Os “Romualdos” deixaram que legado para o povo cametaense?

 Muitos, mas, sobretudo, que se vence, estudando, pobreza nunca foi desculpa para ninguém deixar de estudar e vencer.


5. De Cametá, quem mais merece ser resgatado do esquecimento?
Todos que fizeram e fazem a história, desde ontem, até aos dias de hoje, É certo que tem uns que avultam mais que outros. Na área da política, na literatura, no esporte, no transporte, em todas as áreas. Assim como podemos citar os bispos Romualdos, há dom Milton Pereira, que foi arcebispo de Manaus e é cametaense e outros sacerdotes temos escritores da estirpe de um Juvenal Tavares, Victor Tamer e outros, temos na área da escultura, o mestre Jeremias, na pintura, por exemplo, Andrelino Cotta, na política, os Mendonça, os Parijós, na área da carpintaria naval, temos Francisco Lira e seus filhos.


6. Qual sua expectativa sobre esse livro?

Que ele seja lido por muitos, pois tem um grande manancial informativo. Ficarei muito feliz se ele servir como plataforma de lançamento para profundar pesquisa e servir de inspiração a outras pesquisas sobre nossa história, nossa cultura e nossa gente.

7. Onde o livro pode ser encontrado?

No primeiro momento, na livraria da Fox – trav. dr. Moraes, 584, entre a av. Conselheiro Furtado e Rua dos Mundurucus – Batista Campos; na livraria Newstime do Pátio Belém e Estação das Docas e na Livraria do Campus da UFPA em Belém e Cametá.


8. E como se deu esse começo?

Começou com o olhar dos padres lazaristas que chagaram da Holanda e perceberam que não havia escolas nos diversos municípios das paróquias pelas quais eram responsáveis. Esses padres que pertenciam à Congregação da Missão, também chamados de Lazaristas, são super importantes no Baixo-Tocantins porque detonaram o processo educacional que os governos não se importavam com o Baixo-Tocantins, como acontece até hoje, essa é uma região relegada, quase não há nenhum investimento e sendo uma região rica. Por exemplo, é em Tucuruí que produzimos energia elétrica que é exportada para todo o Brasil e no entanto, há localidades sem energia elétrica, o caboco, o ribeirinho ainda tem que usar a lamparina. Não há pontes, há balsas velhas, preguentas precárias, o transporte rodoviário é péssimo, o fluvial, inexiste, o rio Tocantins continua estrangulado, o pedral do Lourenço sem solução, a eclusa não funciona, só há pouco tempo chegou ensino superior por aqui.

9. Quanto tempo durou seu trabalho de pesquisa? 
Passei 20 anos pesquisando, ouvindo depoimentos, fazendo entrevistas, observando, escrevendo, anotando, enfim, juntando material, como se diz, fazendo coleta de campo e escrevendo, checando informações, lendo documentos, indo atrás de fontes, etc, tudo isso, nos diversos municípios que compõem o Baixo-Tocantins: Igarapé-Miri, Cametá, Mocajuba, Baião, Tucuruí, Oeiras do Pará, Belém e outros. Nesta obra, faço o que chamo de literatura de testemunho. Sou ficcionista, mas, gosto da área memorial, do que se denomina hoje autoficção e como jornalista e ficcionista, mergulhei no que chamo de memória afetiva do povo do Baixo-Tocantins, minha gente.Eu quis, como escritor e cidadão, trazer material para as meditações, porque os padres e as irmãs investiram no básico: educação e saúde.



______________



Você encontra o livro "Terra dos Romualdos País dos Maparás", do escritor e jornalista Salomão Larêdo, na na livraria da Fox – trav. dr. Moraes, 584, entre a av. Conselheiro Furtado e Rua dos Mundurucus – Batista Campos; na livraria Newstime do Pátio Belém e Estação das Docas, na Revistaria do Alvino e na Livraria do Campus da UFPA em Belém e Cametá.



Nenhum comentário: