quarta-feira, 7 de agosto de 2013

“ TU ÉS, ME RESPONDE, “ TU ÉS MARABÁ!” - MARABÁ, ONTEM E HOJE

Salomão Larêdo, escritor e jornalista



Noé von Atzingen, presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá, teve a gentileza de enviar-me o livro “Marabá, ontem e hoje”, assim que foi lançado, em Marabá, publicação da Vale S/A em comemoração aos 100 anos da existência de Marabá.


A atitude de Noé é uma delicadeza que ele tem com todos, um gesto de estima pela amizade que mantemos e uma consideração pessoal, pois sabe do amor e benquerer que tenho por Marabá e sua gente, laço forte porque, na condição de cametaense da Vila do Carmo, sou tocantino que sempre teve Marabá, desde criança, no imaginário, ansioso por conhecê-la, pois o meu primeiro livro de histórias, meu pai, Milton Larêdo, à época, funcionário da Estrada de Ferro do Tocantins quando morávamos em Tucuruí, ou seja, bem na ilharga de Marabá, pediu ao meu tio Artênio, que trabalhava num “marabaense”, que adquirisse em Marabá cujo comércio, mais próspero, tinha livraria e não descansei dessa ansiedade-agradecimento (pelo livro de capa dura, amarela) enquanto não conheci pessoalmente Marabá, o que só aconteceu na fase adulta, morando em Belém e meu pai já falecido, na condição de escritor e jornalista que sou e Nóe, sensível, sabia que eu iria vibrar e me maravilhar com o conteúdo memorialístico da obra que restaura o processo semiótico da oralidade do que se ouvia, contava e repassava em todo o Baixo-Tocantins. “Marabá, ontem e hoje” começa com a justificativa do nome “Marabá” no poema de Gonçalves Dias, cujo verso dá titulo a esta nota, vem a apresentação do patrocinador e tem um gostoso prólogo assinado pelo Noé e uma prosa enformada de poesia do jornalista e escritor marabaense e também meu amigo, Ademir Braz, os dois, Noé e Ademir, também depoentes da vida marabaense junto com os demais curiosos depoimentos e interessantes fotos, entre as quais a do motor “Marabaense” (tenho livro com este titulo sobre a construção dessas embarcações) que transportava castanha-do-pará, que degustei freneticamente, depois fiz a leitura-estudo e o livro está todo demarcado, marcado, tão caro é ao meu espírito.


É um presentaço que o Noé mandou-me e que aqui faço agradecimento público e sei que outras obras similares virão, pois, claro, num só volume, muita memória - de outros personagens - ficou de fora, mas é sumamente louvável a iniciativa – tomara que chegue às escolas - o trabalho de apuração, editorial, a qualidade gráfica, tudo sob a coordenação da Mirtes Rocha Morbach Nassar que coordenou competente equipe num trabalho de criação e edição da Temple Comunicação, da atenta jornalista Cleide Pinheiro e seria bom que a iniciativa da Vale não ficasse apenas nesse volume e venham outros com o mesmo apoio de que não estamos acostumados a ter nesta terra, como observa o mestre Vicente Salles no prefácio ao livro do Noé, que depois registrarei: “O capital costuma “fugir” da cultura autóctone como o diabo foge da cruz”. Tomara agora, com esta iniciativa, em muito breve, possamos comentar o contrário, para benefício e usufruto de todos, democraticamente. Noé remeteu-me, em seguida, outras obras preciosas, de Marabá, que comentarei neste espaço, oportunamente.
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Salomão Larêdo
O melhor da Literatura Brasileira produzida no Pará




MARABAENSES – carpintaria naval: Embarcação em madeira de feitio próprio ao transporte de castanha-do-pará, trazendo das beiradas de Marabá, nas décadas de 1950/1960, para Tucuruí - sobretudo na época invernosa, quando a maré crescia nos trechos encachoeirados e assim podiam ser transpostos com menos dificuldades. O livro, contém entrevista com Zinho Lira, mestre construtor de barcos e com um engenheiro naval e um pouco da história desses motores, para manter a memória de nossa cultura ribeirinha do Baixo-Tocantins.



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