sábado, 12 de janeiro de 2013

OS GRANDES LÁBIOS DE MAIRI* (BELÉM)

Salomão Larêdo, jornalista e escritor 

Nas veias do Tucunduba, piranhas
entrebeijos, entrelaços entre espelha – pexera - estrebuchou
homens venais canais venosos drenam o espaço
venenosas palmas almas palmitos permitem mentem
o mito saculeja frutos
açaídengue
açaísangue
açaímangue
ó tufam pus dos banzeiros na cara dos barqueiros
corpos boiam no aningal
frutapão fruta pau aferventa
encostam bicos de canoas empoam rostos entoam cantigas
preguento barco
mais peido que lama – fede
mais peito que fama – pede
balata balança espinhos de tucumã nos pés
tem a mulher
espigas que não se abriram
sabugos que sugigam os passos impasses
lavagens de limos escorrem no leito do mio
miolo de pau a festa dos turus
miolo de pão que não se vê
a água alisa o barro

.......................................................................

*Mairi, era como os tupinambás chamavam Belém.


ÁGUAS TIPITINGAS/TUCUPIS AMARELO OURO E FOME

Nem tupi nem tupinambá
barro e solidão
Água tucupi, tucupias, tucumãs.
Amarelomalária, maria, vício, a fome, a
fartura, o peixe, timbuís, peco, seco, farta tudo.
Alguidar, suco de muruci. Timbum dend’água
Afogados afagos nas estrias da água na cor da malha, gente do fundo do rio
no fundo do cio. Sai da garupa e cai na beira da ladeira – esfria pequeno
Amarelidão, amarelão, empambado, panjo, é o homem que bebe a água da maldade dos homens.
Amarelo – lavagem do ouro que de ti levaram homem amazônida
sedento de justiça – amarelo de fome, homem que come barro no
vício de fome no viço do noviço que desmaia e deslenda águas relevos
marcha da fome, estátuas à toa, homem vicio, vicento, vicentes doentes
espectros antropomórficos milenares esbarrados
homem borra reflexado nas mesuras do homem algoz
aleijamento além tejo, teje preso, traste, trouxeste o quê ?
Porra, meu, apanhaste o cara errado, sem nada nos bolsos e só ferida
nas mãos, ei pêeme!!!
Grita o guarda, a autoridade, o fiscal, o algoz, algo goza a fama alfama a alma
flama na flanadeira dos garrotes guajarás guajajaras todos amorfos no mofo
fofo do cofo de caranguejo câncer de pele da pele do peixe feixe podre na pedra põe pome, pedra ume úmero ume uma dá uma dá, dá
do ver-o-peso tendal te deu tadeu um empurrão cana cachaça acha graça
dentes podres macaxeira ralada

..............................................................................

Os textos aqui em excertos, o leitor deste blog pode ler inteiros, completos e muitos outros no livro “Grandes Lábios de Belém”, à venda na Livraria da Fox, Trav. Dr. Moraes, entre Conselheiro e Mundurucus, em Batista Campos.

Nenhum comentário: