Salomão Larêdo
Querido e amado filho Filipe. Como estamos – eu e tua mãe – felizes, alegres, contentes e agradecidos a Deus e a ti por este tão magno momento: és Editor! A partir da noite de ontem, com elogios e louvores de teus professores ao trabalho excelente que tu e tua equipe desenvolveram e apresentaram, fruto da competência e da inteligência de cada um e do conjunto, és editor, concluíste importante graduação -Produção Editorial-. Foram quatro anos morando em São Paulo, longe de nós, a saudade permanente.
Vale a pena relembrar quando eras pequeno e pedias para contar-te histórias, ler pra ti, cantar e contar as coisas. Criança, sentaste na máquina e disseste que ias escrever uma história. Depois pediste para eu ler pra ti o “Dom Quixote” livro de Miguel de Cervantes e leitor, sempre leste livros imensos. Teu interesse por filosofia e sociologia te levaram a investir em leitura profunda nessa área de conhecimento e assim progrediste lendo e és voraz leitor e e tens alicerce cultural de fazer inveja a qualquer um. Desde pequeno, A República, de Platão é teu livro de cabeceira .
No curso da vida, certa feita, disseste-nos, que não querias mais fazer o curso de Direito – estavas no 3º ano – e ponderando nossas palavras, concluíste; mas, Direito nunca foi tua praia e nem a minha, embora reconheçamos, tua mãe é grande advogada.
Num dia, conversando juntos e nos acarinhando mutuamente nos surpreendeste: quero fazer o curso de “Produção editorial” e é em São Paulo. Nos surpreendias inclusive por estares, como sempre, à frente das novidades do mercado. Imediatamente, mesmo se financeiramente parecia inviável pra nós, nos pusemos em ação para viabilizar essa tua escolha. Assim foi sempre: escolheste aprender a língua inglesa, violão, etc, procuramos sempre viabilizar, porque era a tua escolha que nos parecia coerente.
Recordo certa vez, eras criança e querias uma bicicleta que eu te prometera adquirir com a venda do romance “Remos de Faia”. Quando chegamos em casa com uma caixa cheia de dinheiro, tu disseste: oba, vou ter minha bicicleta e te entristeceste quando eu te disse que aquele dinheiro não dava pra pagar a metade das dividas que eu contraíra para pagar a edição da obra e, talvez , guardando isso em tua mente, um dia, mais adiante, me disseste: vou editar todos os teus livros! Não me toquei e me surpreendi, feliz, quando participaste a mim e à tua mãe tua decisão de ser produtor editorial.
E depois de muitos sacrifícios, renúncias e empenhos, saudades, conclues, com êxito, um dos cursos da atualidade e és Editor, és o meu editor que tu sempre quiseste ser desde pequeno e eu, no fundo, era isso que queria. Proporcionas-me, meu querido filho, mais que alegria. Essa tua manifestação de amor por nós, fazendo essa graduação, é prova de que sempre aprovaste meu labor literário que tanto tirou tempo de ti e de tua mãe e não respondeu financeiramente aos anseios que eu sempre tive, de dar a vocês dois, uma vida mais tranquila.
Não foi assim, constato, é verdade, tem sido uma vida financeiramente aperreada. Mas é uma vida tão cheia de felicidades pra mim, o fato de ter a tua mãe e a ti ao na minha vida. Vocês são os meus tesouros e os meus amores e isso me basta e me faz feliz!
És agora um editor, o meu editor, o meu filho que tem pela frente os desafios de fazer livros à mão cheia para o povo ler. Deus me dá a ventura de ver-te editor e já integrado em atividade profissional nessa área, mesmo antes de tua formatura oficial.
Agradeço a Deus toda essa alegria que nos proporciona. Agradeço a ti que correspondeste ao nosso empenho e sei que segues, altivo, feliz, satisfeito, cheio de autonomia e independência às tuas conquistas no mar editorial, levando o teu barco a singrar mares, todos os marés, ciente de que estás no caminho certo, que venham os livros e os filhos, os netos para que nossa felicidade seja mais completa, Filipe, nosso amor, meu editor, nosso filho querido. Deus te proteja, sempre. Bjs do teu pai e de tua mãe: Salomão e Maria Lygia Larêdo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário