terça-feira, 19 de junho de 2012

KARINA E O PRAZER DE AJUDAR

Quero fazer o meu melhor junto com todos, filosofa Karina de Oliveira Santos, altamirense de 24 anos, formada em gestão ambiental e trabalhando numa empresa que fornece maquinários e equipamentos ao Consórcio Construtor de Belo Monte – CCBM, em entrevista especial concedida ao nosso blog e solicitada por nosso redator que acompanhou, de carona, Karina, dirigindo sua moto, à paisagem que a entrevistada escolheu: o trapiche, onde se aprecia o rio Xingu enquanto as águas não tomam parte da orla, como está prevista com a construção da hidrelétrica.


Justificativa da entrevista – na condição de jurado do 10° Festival Folclórico – concurso de danças parafloclóricas promoção da Associação dos Grupos Folclóricos de Altamira AGFAL em parceria com a Prefeitura de Altamira (realizado em junho/2012, cujo resultado deu como 1º vencedor o grupo Rosa dos Ventos e em 2° o grupo Cisne Branco), prestava bastante a todos os grupos, misses e tudo o mais e, na apresentação na 1ª noite do grupo “Cisne Branco”, a beleza estética da dança tinha a ver com algo que me chamava atenção, uma pessoa discreta atentíssima à exibição que pareceu completamente focada em manter íntegra a exibição dos componentes e que nada lhes faltasse, era uma espécie de produtora, a figura que providencia para que tudo esteja no lugar certo no momento certo para que o resultado seja fruto do que melhor se pode ofertar. No dia seguinte, perguntando, vim saber que o nome da pessoa é Karina.

Desejei entrevistá-la porque achei que seu trabalho foi importantíssimo para o êxito do grupo, dentro de minha ótica e leitura. Até aquele momento, para mim, o grupo havia apresentado o melhor trabalho e eu, que julgava o quesito “temática”, havia dado nota 10 e achei tudo muito bom: composição das cores, coreografia, uniformidade, conjunto, expressões, harmonia, tudo ótimo.


E desejei saber se ela era profissional da produção, se já fizera isso na área do cinema, do teatro, se já trabalhara em produção em rádio ou televisão, porque me pareceu que sua participação era de uma experiente nessa atividades.
Mas, procurei entrevistá-la porque gosto de valorizar o que  é nosso e de dar oportunidade de visualização a quem está distante das mídias e tem pouca chance de mostrar-se.

Como jornalista e escritor  tenho também meu sexto sentido aguçado e dentre muitos destaques, sublinhei o trabalho de Karina, uma vez que  não poso fazer com todos.
Descobri então , a razão da filosofia da Karina: quero fazer o meu melhor, junto com todos.

TRABALHO COLETIVO
Realmente foi isso que constatei a beleza do trabalho coletivo, de muitos para muitos. Não vou falar aqui da lindeza de espetáculo que foi o festival e do quanto gostei da apresentação do grupo Cisne Branco, mas achei justo o resultado final da apuração, ou seja, que o grupo Rosa dos Ventos (a quem dei nota 10 no quesito temática) tenha tirado o primeiro lugar, porque entendi que estava bem melhor que o Cisne que obteve a segunda colocação, o que não tira o brilho dos trabalhos e nem diminui ninguém e nem é razão para esmorecimento, desmotivação ou arrefecimento de ânimo, muito pelo contrário.

E quando Karina informou-me que havia dito às pessoas que o jurado queria falar com ela, consertei. Não, o jurado faz seu trabalho lá, a noite, na quadra, vendo a apresentação dos grupos; aqui, nesta manhã, agora com você está o jornalista. E ela me informou que era assim que entendia, apenas para que não tivesse que dar muita explicação a quem não me conhecia, dizia: é o jurado. Rimos e continuamos a entrevista.

CONHECIDA E FAMOSA


Karina, na verdade, é figura conhecida e famosa em Altamira e pelo Brasil, pois é craque de Futsal e já jogou em diversos times e lugares e vai falar daqui há pouco isso aqui.
Precisamos identifica-la melhor ao leitor. Ela é solteira, tem namorada, usa tatuagens, é filha de Waldemar Ferreira dos Santos e de Tereza Aparecida de Oliveira, tem dois irmãos e desde cedo mantem-se autônoma e independente financeira e emocionalmente, confessa. Nasceu em Altamira e mesmo depois que rodou o Brasil, voltou, porque ama sua terra e sua gente.

Pretende, mais adiante, fazer curso de informática e trabalhar nessa área, sua paixão. Praticam esportes desde criança e adora futsal e nessa condição, jogou, até 2009, em Belém, Santarém e São Paulo onde foi sempre bem remunerada e sucedida, mas resolveu retornar à Altamira, onde trabalha.

- Qual sua função no Cisne Branco?

- Entrei por acaso e fui pouco a pouco frequentando e me entrosando. Em 2010, ajudei na organização e em 2011, fiquei mais ativa e em 2012 o Marcos me convidou efetivamente para fazer o trabalho. Começamos a montar as coreografias, em fevereiro.

Eu gosto da parte do apoio, gosto de estar nos bastidores, por trás, vendo o que falta e fazendo acontecer. Quis saber, com o Marcos, se o comando era meu, porque sei que tenho liderança, que sou líder e gosto de ter o controle comigo. Assim é a Karina, é o meu eu. Quero fazer o meu melhor junto com todo mundo, gosto do trabalho coletivo porque eu vejo o esforço deles, de cada.

Por exemplo, eu queria que o Marcos, que é o melhor dançarino de Altamira e está vivendo uma situação peculiar em sua saúde, se sentisse recompensado, mais valorizado, com sua auto-estima lá em cima porque sei que isso ajuda na recuperação de sua saúde, que já é, para o que teve – fez cirurgia para extirpar tumor no cérebro -, um milagre, e por isso, temos que fazer tudo para que ele tenha a chance de mostrar a arte dele, qual seja, a coreografia, o que ele cria para o grupo e o grupo ao público que vibra, aplaude, gosta e isso é muito gratificante muito massa.

- Quem ajuda?



NUNCA DIZER NUNCA

- A família, os amigos, os componentes, todo mundo ajuda, tudo é feito por amor à arte. Nós queremos ver o espetáculo acontecer, porque não existe apoio em Altamira no sentido de ter um forte patrocinador e o Cisne tem uma forte tradição, temos 3 títulos, conquistados, a responsabilidade é grande e a expectativa do público, maior ainda.

Recebemos de subvenção da prefeitura, 7 mil reais e gastamos quatro vezes mais, cada brincante paga a sua vestimenta e por isso, muita coisa sai do nosso bolso e por isso eu digo, só tendo muito amor à arte para todo ano cair de cabeça no trabalho, porque é muito ensaio, muito trabalho, muito serviço, muita dedicação e tem que ser assim para que as coisas saíam bem.

- Você já pensou em ser produtora de rádio ou cinema ou televisão?

- Não, não pensei.

- Porque seu trabalho foi tão bem feito, qual a razão?

- Como disse, é fruto de dedicação, zelo, amor, disciplina, interesse, foco Para o serviço ser discreto, estava usando roupa escura coloquei duas crianças para ajudar, apenas isso e se o resultado é esse que o senhor diz ter sido bacana, fico muito feliz, não fiz para aparecer, quero que o grupo aparece, e que o melhor  de cada um e do conjunto, seja realçado.

- Qual o segredo dessa sua vontade, garra, otimismo?

É não dizer nunca, nunca, pra nada, em tudo ver o possível de fazer. É por isso que o  senhor  entende  que um dia eu venha a ser uma produtora. Pode ser. Mas,  o que quero mesmo, é trabalhar na área de informática. Eu tenho um lema: ninguém merece a tristeza de ninguém!

Karina sorri e conta que gosta de aventura, que seu esporte predileto é motocross e para seu lazer, prefere banho de cachoeira, porque também é uma aventura.



-Acredita em Deus?

- Sim, sou católica!
Fazemos as fotos, Karina liga a moto e me deixa no campus da UFPA e se despede gentil. Tchau!!

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