Reconhecimento
O destaque foi concedido pela União Brasileira de Escritores
O livro de conto 'Sarrabulho - a lenda da Cobra Norato' é o grande vencedor do cobiçado "Prêmio Monteiro Lobato", concedido pela União Brasileira de Escritores. Salomão Larêdo, um dos nomes de destaque na atual literatura paraense, recebeu na sexta-feira a notícia dessa premiação por seu trabalho literário e que será entregue no dia 31 de outubro na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro.
O escritor, que também é professor, jornalista e advogado, há alguns anos obteve outro prêmio da UBE pelo seu livro de contos Timbuí, a lenda da anta. Escritor de muitos prêmios nacionais por seus trabalhos literários, Salomão Larêdo tem mais de quarenta livros publicados em edições independentes, entre romances, contos e na área da memória.
Sarrabulho - a lenda da Cobra Norato, é livro de conto onde o autor em texto customizado ficcionou a partir das diversas versões da lenda existente na literaura amazônica e cuja versão mestra utilizada na mimese consta do final da obra em que trabalha a narrativa com as duas personagens principais, o Noratinho, que é do bem e faz doutorado na Alemanha e sua irmã, Maria Caninana, que é do mal e que o autor apelida de cidadã Kane, ou Jill Bóia ou Kanina ou Abilia ou Lia ou Kanna, também Kani ou simplesmente Naná, dependendo da situação que ela se envolva ou do lugar onde trafegue: Sri-Lanka, Paris, Hamburgo, Belém, Cametá ou Moju ou Londres ou Cambodja, porque Maria é mulher versátil e usa suas flexibilidades para sobreviver nas relações do mundo globalizado e de economia neoliberal que evidencia o ter no lugar do ser humano.
CRÍTICA
Como sempre costuma elaborar sua literatura, Salomão, neste Sarrabulho, faz intensa crítica social e política chamando atenção para a natureza, sobretudo a humana e sua relação com a degradação sócio-ambiental, explicando que Caninana não está nem aí pra sua mãe, é hedonista,sedutora, esperta e vive prazerosamente, mas é ardorosa defensora do meio-ambiente e por isso detona as embarcações - navios de longo curso de toda espécie que trafegam nos oceanos, bem como os de pequena cabotagem que singram águas interiores onde trafegam balsas, lanchas, cascos que poluem as águas.
O personagem Norato não esquece sua condição e de que sua mãe o espera em Cametá para o desencante, conforme a lenda prescreve que a cobra é muito feia e precisa ser acutilada na cabeça por um soldado virgem e que seja derramado em sua cabeça, leite de mulher parida, assim a monstruosa cobra fica estirada no cais de Cametá à espera dessa providência.
Sarrabulho foi editado em formato livro de bolso, tem 123 páginas e a ilustração da capa é do artista plástico Emmanuel Nassar cujo projeto gráfico é da dupla Emmanuel Nassar/Aline Coelho.
A mãe das duas cobrinhas, na primeira parte do livro se chama Zaís, mulher linda e elegante a quem o pajé, bêbado de uísque em Nova Iorque, revela -, após a mãe consultar o curador se devia matá-los ou jogá-los no rio, pois, no alto mundo social não podia aparecer nem grávida - que se os matasse, ela morreria também. Então a mãe resolveu soltá-los no rio onde se criaram.
Sarrabulho é, conforme Salomão Larêdo, o quarto livro da sua tetralogia da estética da sedução e o último livro da série manga/encantamentos, fazendo parte da Coleção Mapará.
APOIO
O romancista revelou que pretende ir receber seu prêmio na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, caso obtenha apoio nesse sentido e que está trabalhando intensamente para editar mais alguns livros entre os anos de 2008/2010 a fim de comemorar seus quarenta anos de atividades literárias completadas em 2008.
A respeito do prêmio, disse que é importante porque pode ser uma chance da literatura produzida no Pará despertar o interesse do leitor nacional.
Salomão Larêdo nasceu na Vila do Carmo, município de Cametá, é advogado e mestre em teoria literária pela UFPA, é membro das Academia Paraense de Letras e de Jornalismo e é líder fundador de entidades que agregam os escritores da Amazônia e o idealizador do I Jirau da Literatura Paraense que Larêdo chama de Feira do Livro do Pará, que foi efetivado em maio deste ano, no Centur, pela Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves - FCPTN.
Salomão Larêdo é escritor que luta pela valorização da cultura amazônica e é também conhecido como permanente promotor da leitura e batalhador na formação do leitor crítico e trabalhando pela implantação de bibliotecas que funcionem 24 horas e que os acervos estejam nos barcos, ônibus, paróquias, clubes e outros espaços para a democratização da leitura e se tenha políticas públicas para o livro e para a leitura na Amazônia.
Edição de 06/10/2008 - Jornal O Liberal
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