sexta-feira, 15 de abril de 2016

Texto de Salomão Larêdo em homenagem ao aniversário da Biblioteca e Arquivo Público do Pará

Comecei a frequentar a Biblioteca e Arquivo Público do Pará, em 1961, assim que chegamos em Belém, vindos da Vila do Carmo/Cametá, para estudar e meu pai, funcionário público da estrada de ferro do Tocantins, em Tucuruí, alugou modesta casa no bairro da Cremação, coberta de palha de ubuçú, paredes e assoalho de restos de madeira usada e apodrecida, verdadeira palafita feita no charco onde muçuns e carapanãs proliferavam. Vida de muita privação e dificuldade, garoto novo e leitor, saía cedo, a pé e começava lendo os jornais do dia, sentado na cadeira de palinha, numa mesa coberta de feltro verde, compartilhando com outros frequentadores , a maravilha que é ler e nutrir-se de conhecimento através da informação em todos os meios de comunicação; e depois, passava aos livros, deslumbrado com o acervo da biblioteca – a primeira que conheci e frequentei – sob a direção do historiador Ernesto Cruz que vi, inúmeras vezes naquele espaço público de memória e leitura onde atraquei o meu barco pra sempre e passei depois a ajudar a formar leitor crítico, consciente de que é através do sério e intenso investimento em educação e cultura, que passa pelo cuidadoso arquivamento de toda a nossa memória documental , pela biblioteca, livro e sobretudo pela leitura, que uma sociedade se humaniza e é capaz de transformar corações e mentes para um mundo melhor, mais justo e mais fraterno. Ler é o maior espetáculo da vida! Leia! (Texto do escritor e jornalista Salomão Larêdo em homenagem ao aniversário, neste 14 de abril, do importante e mais que necessário arquivo público do Pará com milhões de documentos, que, preservados, digitalizados e disponibilizados à consulta e pesquisa, revelarão cada vez mais a nossa história).

Nenhum comentário: