sexta-feira, 16 de agosto de 2013

VALORIZANDO O QUE É NOSSO!

A LIVRARIA “ONÇA PINTADA”, DE MARABÁ, ONDE MEU PAI MILTON LARÊDO ADQUIRIU MEU PRIMEIRO LIVRO. A ANSIEDADE E A EMOÇÃO! O EXEMPLO DA LEITURA.

Salomão Larêdo, escritor e jornalista


No final da década de 1950, meu pai, Milton Larêdo, trabalhava na Estrada de Ferro do Tocantins, em Tucuruí, e claro, sua família - mamãe (Lady Larêdo), eu e meus irmãos – moravam aí e eu, incentivado por eles, já estava lendo e então meu pai encomendou ao meu tio Artênio, que trabalhava em Marabá, que comprasse um livro para mim, pois, lá havia comércio próspero e seguramente, uma livraria.

Fiquei ansioso esperando quando chegou o livro, que recordo bem, tinha a capa dura, amarela. Que alegria! Que grande acontecimento! Que emoção! Ganhei de meu pai o meu primeiro livro impresso, que, infelizmente, extraviou-se, o que muito lamento.

Descobri, neste agosto de 2013, ao receber de presente do amigo Noé von Atzingen, o livro “Marabá...” de Paulo Bosco Jadão, que, aquela livraria onde meu tio comprou o livro, existiu, em Marabá e com o nome bonito, poético e nosso – Onça Pintada - e que consta seu registro no livro citado, à página 144, num desenho do nosso famoso artista marabaense, Pedro Morbach, que conheci pessoalmente e até o entrevistei quando repórter no jornal “ Folha do Norte”, na década de 1970. Isso é que é valorizar o que é nosso, nomear uma livraria de “Onça Pintada”, do mesmo modo que – já citei aqui neste espaço e mostrei a foto – a Livraria Curupira – de Bragança.



O mais bacana, amigo leitor deste espaço, é que a Livraria “Onça Pintada”, conforme o livro, que acima citei, perdura até hoje com o nome de “Livraria Iris”, cuja vida longeva, vou checar com meu amigo Noé, pois é o caso de parabenizar o dono ou os donos ,por essa cadeia de cultura e civilização inaugurada e preservada bem no meio da floresta amazônica, na querida e próspera Marabá.


Livraria Onça Pintada

Falar em onça pintada, elas foram implacavelmente caçadas nas matas do nosso Pará. Mas, ainda existem. Recordo a música que se canta por aí, denominada de “Gata Pintada” que outros cantam em versão de “Lagarta pintada” usando versos, lindos, de domínio público, mais ou menos assim: gata pintada /quem foi que te pintou/ foi uma velha/ que por aqui passou/ Pega no rabo da gata e também na orelha...

Isso me faz recordar meus tempos de menino, quando meus pais contavam variadas histórias, de visagens, assombrações, do trem, dos índios, tudo, oralmente e meu pai emprestava livros para ler à boca da noite pra toda a família, capítulo por capítulo. Éramos muito pobres e não tínhamos condições de adquirir livros e então meu pai os emprestava. 

Aos sábados, meu pai, após a sesta, lia um livro grande, de capa preto. Eu brincava, com meu irmão Zeca, correndo dentro e passando pro quintal da nossa pequena casa que fica ao lado de uma “invernada”, na periferia de Tucuruí e numa das passagens, perguntei ao meu pai o que estava lendo. E ele respondeu: o pai dos burros – e eu dei a volta e quis saber: e o que é pai dos burros? Meu pai, pacientemente explicou que era o dicionário que contém a grafia correta das palavras e as explicações semânticas sobre elas, etc etc. (Leia mais no livro: “HISTÓRIAS DO SALOMÃO” a ser brevemente publicado).



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