terça-feira, 16 de julho de 2013

É HOJE O DIA DA FESTA DO CARMO - 16 de julho de 2013 - DIA DA MINHA MULHER AMADA AFORMOSEAR AINDA MAIS A MINH‘ALMA que sempre se aformoseia através da mulher que amo: a Virgem do Carmo. E para homenagear o Dia do Carmo, e as mulheres que amo: Maria Lygia, do Carmo, de Nazaré, Fátima, Lourdes, Guadalupe, Conceição... - republico, caro leitor, o texto poético que fiz em 2002 e que segue pra tua redegustação:

Salomão Larêdo, escritor e jornalista


MARAVILA, A MINHA VILA DE NOSSA SENHORA DO CARMO DO TOCANTINS


Dinan Larêdo

Essa tão querida Vila do Carmo debruçada sobre o grandioso rio Tocantins, é encantada.
Se perfuma com cheiro de rio, recende a pitiú; exala odor do mato.
Se mistura de essências, estratos da terra, beijos das marés, cheiros de pedras e barro, folhas e frutos, uruares.
Tem as beiradas bordadas de aningais e aturiais.
Enfeitada de açaizeiros e miritizais, sedutora mulher a enfeitiçar e enlouquecer quem a vê.
Mistério do encante, apaixonas, atrais e prendes em teus humores, tuas alegrias de preamares.
Deixa-te penetrar pela luz do sol, intensa. Permites que a chuva te acaricie o rosto e que os banzeiros façam cócegas ou cuticas em teu corpo ardente que se espraia de desejo. Oh, vem...
E quando prenha de águas, fecundas de prazer quem em ti se agasalha em banhos de paz.
Bonita, minha Vila querida, estás sempre, toda manhã em sinfonias de saracuras e sabiás, cantagalos e os acordes das embarcações que mareteiam tuas águas pontilhadas de loucuras de todas as matizes e açucenas dos orvalhos.
E em tapetes de pedrinhas, piçarras correm e estampam tuas ruas, cruas; sopra o vento e o som dos hinos dos maparás brilham nos jiraus cheios de limão azedo, nesse duarvo que enebria no moquém da mesa com vinho de açaí e farinha d’água do centro. Ah, sabores!!!

Milton Larêdo, na frente da casa onde nasci.

E tucumãs contam inajás que falam ingás nas tardes que embalam tacacás com pimenta malagueta e camarão de matapi e cacuri da tapagem em alegres tucupis que as cigarras anunciam o sol que declina no Baxo e faz plástica na hora das Ave-Marias dos balaústres que suportam a magia da festa de botos nas águas tipitingas que levam, Moiraba a dentro, o enfeite  da poesia que se renova a cada manhã nas graças do viver em harmonia com flora e fauna, amigos e parentes, sem precisar traduzir a fala do homem sábio e feliz, que passa em seu casquito, remando, saboreando porroncas, carregando pivides que renovam a esperança de felicidade que se chama Vila do Carmo, poema de amor e de amar  apreciado, enleado, fisgado, visgado, seduzido e sedutor desde meu bisavô Jacob com sua Tereza, meus avós Manoel e  José,  com  as vovós  Almerinda e Ana, passando por meu pai Milton, meus tios Artênio, Jaime, David, Moisés, Jacob, Vivico, Adonis, Mirico, Góes; tias Dinoca, Nenê, Ninita, Otília, Raquel,  Domingas, Zita, Pêca, parentes e amigos,  minha mãe Lady e meus irmãos Adalcinda, Ocirema, José e Abrão, meus sobrinhos, minha mulher Maria Lygia e meu filho Filipe nessa continuidade estética e poética, de vida e de sorte de ser e de ter este paraíso, bem em frente à casa onde nasci vendo festaria dos botos,  das jatuaranas, dos maparás, cobra-grande, matinta, fogo fátuo, visagens,  do lendário e do imaginário que povoam minha vida com a  mitopoética que me sustenta de  poesia que se chama e é, Vila do Carmo, pura sedução, seduziu-me e eu me deixei seduzir por ela estando no ventre de minha mãe e já pulava em seu seio, atraído pelas encantarias do rio que me chamava para o mistério, para que eu fosse um de seus tradutores, se é que essa beleza pode ser traduzida na tênue palavra de que não sei dizê-la por ser mais forte que eu e que se chama Vila do Carmo do meu amor, da minha vida, da minha paixão, do meu prazer e do meu viver embevecido por essa paisagem que meus olhos na mais tenra idade, contemplaram, pela própria condição de filho desta terra de Nossa Senhora do Carmo; desta terra do Espírito Santo, dos cacauais e seringais, dos que antecederam e dos que me sucederão no canto encantado que a Vila do Carmo perece ser cantada pelo encanto sedutor que ela imana e imanta cercada de palmas do povo mais querido de minha terra querida e amada, distinguida com o adjetivo “inesquecível” por meu pai Milton, seu menestrel, aquele que me ensinou, junto com minha mãe  Lady, a ler este espaço com  as letras da estima, com o olhar da ternura e do  amor em perene devaneio...

Adalcinda Larêdo, na rua da Vila

E de onde vem este ímã?
Do poder das águas, da beleza do rio com suas maretas e banzeiros, das lendas, da floresta que encanta e é encantada e visga as pessoas. Do clima, da índole de quem habita aqui e é simples e tocado por uma carícia e um carinho, uma afetuosidade traduzida na doação generosa de cajus do mato, de mangas, palmas de pão, gergelins, jambus, goiabas, gengibirras, garrafadas, banhos e sombras do arvoredo dos furos e igarapés gapuiados de tanta estima, assim, sem menos nem mais e muito, muito e muito mais...
E quando há festa de santo – Festa do Carmo, do Divino, São Sebastião, São Benedito e tantos outros -, os doces dos Furtados, as novenas, ladainhas e missas, foguetes de rabo espocam no céu brilhante, miritis, carnes de capivara, jacaré, pirarucu, de porco, jatoxis, maparás, tucunarés, pimenta de cheiro, sal e limão e acaris fazem a mesa farta de tudo quanto.
Ah, Vila do Carmo, querida e amada, por teu feitiço, no teu feitiço, me enfeiticei! Julho/2002.

Um comentário:

Dinan Laredo disse...

Vila do Carmo do Tocantins é uma poesia e Salomão transpira a nossa bem amada terra em textos que nos remetem lembranças suaves.
Nossa Carmo do Tocantins é exatamente esse sentimento descrito pelo imortal Salomão Larêdo.
Dinan Laredo.