quarta-feira, 9 de maio de 2012

DONA LAURA E MARIA LYGIA – PAISAGEM DE AFETOS NO PALACETE VITOR SILVA TESOURO ART NOUVEAU

FIZ UMA PEQUENA ENTREVISTA COM MINHA MULHER MARIA LYGIA NASSAR LARÊDO, ADVOGADA, A RESPEITO DA RELAÇÃO DE AMIZADE DE SUA FAMÍLIA NASSAR COM A FAMÍLIA DONA DO PALACETE DA PRESIDENTE PERNAMBUCO. O ESSENCIAL CONSTA NO TEXTO ABAIXO. PODE FRUIR (SALOMÃO LARÊDO)

 Palacete Vitor Maria da Silva e ao lado existia a casa de Maria Lygia

A família de João e Lygia  Nassar era vizinha da família do dr. Paulo e Laura  Itaguay, donos do “Palacete Vitor Maria da Silva”, na  rua Presidente Pernambuco, próximo à  praça Ferro de Engomar, nos anos de 1963/1966, próximo ao largo da Trindade, centro de Belém, também conhecido como Casarão do Ferro de Engomar.
A Família Nassar -  especialmente Maria Lygia , a filha mais velha, que  tinha 13  anos -,  mantinha boa relação de  vizinhança  com a Família Itaguay e por isso mesmo, Maria Lygia,  frequentava mais o palacete na condição de  aluna  de francês, da Professora Laura, que, na primeira aula, fez questão de mostrar todo o palacete, explicando que seu pai havia mandado buscar na França, os lindos painéis, explicando o que significavam, parava com Maria Lygia para apreciar o teto, falava dos lustres e mostrou um dos banheiros com ducha importada e tubulação na parede  com diversos furos de onde esguichavam água em toda extensão, algo bonito e diferente para Belém daquela época.



Maria Lygia conta-me que a professora Laura, na faixa etária dos 60 anos de idade, falava com muito orgulho de tudo que o palacete continha e que havia sido importado por seu pai.

Dona Laura e dr. Paulo Itaguay tinham uma filha, de nome Isabel, já adulta.

Maria Lygia me diz que gostava de estudar francês com a professora Laura que era uma mulher fina, meiga e que brincava muito  com Maria Lygia que recorda o porte elegante, postura e modo requintado e que achava muito linda  como dona Laura pronunciava as palavras e falava francês.

Mas, a família de João e Lygia Nassar se mudou pra São Paulo e Maria Lygia despediu-se de sua professora Laura em novembro de 1966 e embora os Nassar tenham retornado pra mesma casa onde ficaram até 1969, os compromissos não permitiram mais as aulas de francês e depois que seu João vendeu a  casa e levou a família pra morar na av. José Malcher, Maria Lygia não soube mais dos Itaguay.

Na época em que a cidade inteira ficou sabendo do saque ao palacete, lamentamos – eu e Maria Lygia- que aquele tesouro de art nouveau não tenha sido preservado. Estivemos na exposição sobre  a situação  do palacete na Estação das Docas onde fizemos algumas fotos como as que ilustram este texto que evoca um tempo de contemplação, estima e afeto que vamos, pouco a pouco, perdendo,  como estamos também perdendo  nossa cultura, nossa identidade, nosso patrimônio, nossa memória.


Falar nisso, como está este caso? Você tem notícia se algo foi feito para mudar aquele estado deplorável em que se encontrava o Palacete Vitor Maria da Silva?

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