quarta-feira, 11 de abril de 2012

VIVENDO COM OS LIVROS

PRA VIVER CERCADO DE BELEZA O EMPRESÁRIO TENÓRIO NASCIMENTO SE TORNOU BIBLIÓFILO, MORA EM CASTANHAL E NÃO GOSTA DE EMPRESTAR LIVROS - SÓ EMPRESTO LIVRO AOS BONS AMIGOS. MAS, BONS AMIGOS NÃO PEDEM LIVROS EMPRESTADOS


Bibliófilo, em Castanhal-Pará ( 60 km de Belém) , Antonio Tenório Nascimento Filho ,59, jornalista, quase graduado em Letras e atuante no ramo da construção civil de onde tira o sustento da família , casado com Aparecida Diniz do Nascimento , pais da jornalista Samara Nascimento, faz, aos sábados uma viagem de prazer a Belém, revesando a companhia, com a esposa ou a filha, mas com objetivo único: as livrarias e sebos de onde trás o objeto de seu desejo e do qual a casa esá plena: livros, até porque, sabe que 

O LIVRO, ENTRE OUTRAS COISAS, É UM OBJETO ESTÉTICO.

Então, Tenório, explique esse seu gosto que nós queremos saber:
1 -Quando começou, por que e onde isso vai dar, vale a pena?.
2 – Quantos livros possui em sua biblioteca ? E a quantos deseja chegar? A comunidade de Castanhal sabe aproveitar essa riqueza cultural?
3 - É verdade que você coleciona tudo sobre os autores locais?
4- Quais são as raridades das raridades de sua biblioteca?
5 – Do que você gosta mais nesse seu amor ao livro, à leitura e à cultura num lugar onde isso não é estimulado, apoiado, valorizado e as vezes até tomado como louca e esquisita mania.

Elaboramos as perguntas e Tenório não se fez de rogado, respondeu, e o leitor deste blogue, curte agora o texto produzido pela jornalista Samara Nascimento


Samara Nascimento


VIVER PARA OS LIVROS 

Antonio Tenório Nascimento Filho ou Tenório Nascimento, como é mais conhecido, nasceu no dia 25 de Maio de 1953, em Esperança, cidade do interior da Paraíba, terra do poeta Silvino Olavo e do critico literário Gemy Candido. 

Filho do comerciante e construtor Antonio José do Nascimento e da dona de casa Francisca Maria da Conceição, mudou-se para Belém em 1972, onde viveu durante dez anos. Em 1982, mudou-se pra Castanhal, onde mora até hoje e trabalha no ramo da construção civil e de imóveis de aluguel. 

Durante dois anos e meio estudou Letras na UFPA- Universidade Federal do Pará, curso que abandonou por incompatibilidade com a disciplina linguística e por achar que devido a seu temperamento tímido jamais seria bom professor. 

Casado com Aparecida Diniz do Nascimento e pai da jornalista Samara Nascimento, é formado em jornalismo pela UFPA, empresário e bibliófilo. O empresário, com o passar do tempo, sobrepôs-se ao jornalista. Agora que aproxima-se dos 60 anos, torce para que o bibliófilo faça o mesmo com o empresário, uma vez que ambiciona ter todo o tempo do mundo para ir atrás dos livros que ainda não conseguiu e com os quais vive sonhando... 

Começou a formar sua biblioteca aos 17 anos de idade, ainda em sua cidade natal. O que o estimulou a isso, não sabe. E até hoje tenta em vão descobrir. Considerando-se um esteta desde a mais tenra idade, às vezes suspeita que foi o desejo de viver cercado de beleza... 

Nomeou sua biblioteca de “Oásis Cultura”. Pouco tempo depois de casado, mudou para “Biblioteca Aparecida Nascimento”, em homenagem a sua mulher, que, ao contrário da maioria das esposas de bibliófilos, é sua grande incentivadora na aquisição de livros, e também é a incansável guardiã e zeladora do expressivo acervo que conseguiu juntar. Tenório avalia que, sem apoio e incentivo da esposa, não teria adquirido metade dos livros que possui. 

O tamanho do acervo de sua biblioteca, Tenório não informa, nem sob tortura. Perguntado por que, responde com sorriso maroto de quem não quer fazer “nenhum colega incorrer no pecado da inveja... “ 

Quando indagam quantos livros pretende acumular, fala sobre o tamanho da biblioteca do critico Agripino Grieco, que chegou a ter 80 mil volumes; ou do acervo de Ruy Barbosa, que tinha mais de 60 mil; dos 40 mil volumes do empresário e bibliófilo José Mindlin, para concluir, que, se conseguir chegar perto do acervo de quaisquer um deles , talvez se dê por satisfeito. Talvez... 

Confessa sem o mínimo remorso que não gosta de emprestar livros. Acha que nenhum bibliófilo digno desse nome, gosta. 

Isso não quer dizer que não empreste. As vezes, por amizade, diz, “ faz essa besteira”. E imediatamente se arrepende com receio de perder os dois - o livro emprestado e o amigo... 

Confessa, igualmente, que já emprestou livros. Fez isso até o dia em que um amigo ligou pra ele e perguntou se sabia qual era o livro mais raro do mundo. Quando ia responder que não sabia, o amigo sapecou-lhe: 

- É o devolvido. É o devolvido... e, caiu na gargalhada... 

LIVRO SEM ORELHA É COMO 

MULHER LINDA DE BUNDA BATIDA 

HÁ DE TUDO NA BIBLIOTECA 

Esse mesmo amigo havia levado emprestado o romance “O Ouro do Jamanxim”, de autoria do injustamente esquecido escritor e jurisconsulto paraense ,Silvio Meira. Livro hoje fora de catálogo e há muito inexistente na biblioteca de Tenório... 

Tenório Nascimento sentencia: 

- o que tem de autor paraense de qualidade, esquecido , não é brincadeira. Como diria o Comendador Mário Sobral: valha-nos quem... 

Considera, o bibliófilo Tenório, o livro, entre outras coisas, um objeto estético. E não gosta muito dos que não trazem orelhas, por considerá-los esteticamente incompletos, como uma mulher linda e de bunda batida... Adora aqueles que tem orelhas enormes como os da Topbooks e da Cosacnaify... 

Na entrada da biblioteca , Tenório colocou um quadro com a frase: 

“Só empresto livro aos bons amigos...” 

Quando recebe um visitante e sente que este vai pedir algum livro emprestado, Tenório dá um jeito de levá-lo no final da biblioteca, situada,de propósito, no andar térreo de sua casa. Lá também há um quadro com a frase: 

“Os bons amigos não pedem livros emprestados...” 

Esta estratégia, conforme Tenório, utilizada contra “leitores extrovertidos e caras de pau, tem dado certo... “


Na Livraria da Fox: Jussara Derenji, Salomão e Maria Lygia Larêdo,
Tenório e Aparecida Nascimento.


  
A “Biblioteca Aparecida Nascimento” é forte, principalmente , em teoria literária e história do Brasil. Mas, Tenório explica: “ como na Feira de Caruaru, nela há de tudo”. 

Na verdade, diz ele, são “varias bibliotecas dentro de uma grande biblioteca, pois também são significativas suas estantes de teatro, musica popular brasileira, cinema, biografias, televisão, literatura brasileira, história universal, política, filosofia, urbanismo, demografia, literatura estrangeira.” Tenório tem tudo de Balzac, Zola, Casanova, Proust, Anatole France, Tolstoi, Dostoiévski, Shakespeare, Bocaccio, Miguel de Cervantes e outros e outros. 

Guarda também verdadeiras preciosidades nacionais, como boa parte da Coleção Documentos Brasileiros, boa parte da Coleção Alma Brasileira e boa parte da Coleção Brasiliana. Tem tudo de Machado de Assis, José de Alencar, Gilberto Freyre, Nelson Rodrigues, Osvald de Andrade etc, etc. E muita, muita coisa da literatura paraense. 

Aliás, seu proprietário é tão interessado na literatura do Pará, que costuma recortar tudo que sai sobre os escritores paraenses na imprensa, local e nacional e coloca num saco plástico anexando à obra do autor. 

Ah! tem também um setor dedicado aos clássicos eróticos. 
Como foi dito, amigo leitor, na biblioteca do Tenório, há de um tudo.

2 comentários:

edmundo jinkings disse...

Bom dia

Adorei seu texto e especialmente de quem ele fala, conheço bem a história do Tenório com sua biblioteca e paixão pelos livros. Parabéns pela matéria.
Atualmente trabalho em uma editora em Belém, como faço para ter contato com o Tenório? Vocês tem algum telefone para contato com ele? Desde já grato pela gentileza.

Edmundo Jinkings

edmundo jinkings disse...

Parabéns por nos proporcionar a revisita a velho e bons amigos...

Edmundo Jinkings