quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Larêdo, escritor e jornalista da Amazônia

A cidade de Cametá deve sentir-se orgulhosa de seu filho Salomão Laredo, não apenas pelo seu reconhecimento nacional, agora posto a luz pela União Brasileira de Escritores, instituição de renome nacional do mundo das letras, com a conquista do Prêmio Monteiro Lobato, mas, sobretudo, pela firmeza com que o escritor defende sua terra.
Quem tem a oportunidade de compartilhar da amizade do autor sabe o quanto o mesmo não mede esforços para avalizar projetos que envolvam a Região Tocantina e principalmente o município de Cametá, demonstrando com sua altivez um sentimento de regionalidade que o torna símbolo para a população de sua região.
O prêmio Monteiro Lobato é sem dúvida uma grande conquista que nosso Salomão traz para o povo do Estado do Pará e em especial de sua região. A Universidade Federal do Pará, Campus do Tocantins/Cametá, que tem a honra de ter sua Biblioteca Setorial com o nome do autor, sente-se orgulhosa deste paraense que mesmo envolvido numa frenética atividade literária nunca deixou de se fazer presente no cotidiano do campus, participando de oficinas, conferências, palestra, noites de autógrafos dos seus inúmeros livros. Suas atividades no espaço universitário em Cametá têm incentivado a juventude acadêmica ao hábito da leitura cada vez mais.
A conquista de um prêmio desta magnitude faz com que a ‘moçada’ acadêmica compreenda a importância do autor que, ao contrário de muitos, age de forma fervorosa quando o tema é a população da região; exemplo disso pode ser materializado quando o mesmo tem aberto mão de compromissos nacionais para prestigiar eventos em sua cidade natal.
Por outro lado, há de se destacar que Salomão Laredo, ao retratar o homem e a mulher dos rios da Amazônia em suas tecidas teias literárias, ultrapassa não raras as vezes o literato para se transformar no jornalista, denunciando realidades, desmascarando oligarquias, como o bem o fez em Antônia Cudefacho, retratando a trajetória de Antônia, mulher do povo, eivada de espírito militante, que, diante do poder, não se acovardava. Pelo contrário, desmascarava a hipócrita vida dos detentores dos mandos e desmandos de uma Cametá de outrora, bem como, nas entrelinhas, presenteia o leitor com pinceladas bem fortes de como a repressão política brasileira de anos de chumbo atingia as mais distantes localidades da Amazônia.
Salomão, de fato, é mais que merecedor deste reconhecimento nacional, fruto de uma intensa vida de pesquisa junto ao universo amazônico, metamorfoseada em seus poemas, crônicas, artigos, romances, contos. De suas vindas a Cametá, temos acompanhado o pesquisador de campo: o homem que se entremeia pela efervescência cultural de uma feira, de umas ruas de pedra, de um pequeno casco atracado nos trapiches da frente da cidade, buscando a identidade, a linguagem, os tipos que marcam um Pará do caldo, do sirimbabo, da falta de políticas públicas para inúmeros sujeitos que convivem entre botos, com os botos, mas também com os sofrimentos advindos de grandes projetos que, de progresso, trazem tão somente mosquitos, “farta” de peixe, fuga dos rios para as pedras de uma cidade inchada por um desenvolvimento sem planejamento.
Nesses tantos anos de produção literária, o grande Mestre Salomão Laredo, duplamente mestre, primeiro pelo volume produzido, segundo pela defesa de dissertação no Mestrado em Letras da UFPA, é um grande arauto da Amazônia, tornando-a tão próxima de sujeitos os mais distantes. Por seus Noratos, Remos de Faia, Boiúna-me, dentre outros, estamos todos nós, que pertencemos ao universo das águas, das lendas, dos cheiros, tão bem presentes em sua pessoa divulgadora de um Pará, de sua Terra Natal, a Vila do Carmo, da Nossa Senhora, de Cametá, interligados numa simbiose cultural.
Enfim, queremos destacar que a população do município de Cametá e do Estado do Pará deve sentir-se duplamente privilegiada: primeiro pela conquista do prêmio Monteiro Lobato pelo autor; segundo, pela existência do seu filho ilustre.

Dr. Gilmar Pereira da Silva
Coordenador do Campus da UFPA em Cametá
Prof. MSc. Doriedson Rodrigues (CI: 1855328 – SEGUP-PA)
Vice-Coordenador do Campus da UFPA em Cametá
Travessa Padre Antônio Franco, 2910
CEP: 68400-000
Bairro Matinha
Cametá-Pará

Observação: Ressaltamos que o texto segue assinado pelos dois professores em virtude de, de fato, ter sido escrito a duas mãos.

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