Entrevista* feita por Ana Carolina Souza.
Natural de Bragança, órfão de pai, e a
mãe, lavadeira, colocou, para estudar no internato do instituto Lauro Sodré, em
Belém, José, que, na luta pela sobrevivência trabalhou como gari oportunidade
em que manteve contato com os livros que o pessoal jogava fora e José, com pena
de descartá-los guardava em casa e depois teve a ideia de montar um sebo de
onde passou a retirar o sustento da família, tem filhos formados e é amigo de
muita gente, entre professores, estudantes de todos os níveis, donas de casa,
universitários, jornalistas e escritores, todos seus clientes. você leitor
destes espaços virtuais – fb e blog -, pode conhecer um
pouco mais da atividade de livreiro de José Xavier, lendo a matéria a seguir:
José Xavier
José
Boaventura Xavier, 69 anos, trabalha há 45 anos no sebo “Banca de Revista São
Brás”, que montou na Avenida José Bonifácio no bairro de São Brás.
Sebo "Banca de Revistas São Brás"
Onde o senhor
nasceu e morou, e o que fazia antes de trabalhar neste sebo?
-Nasci
em Bragança, meu pai morreu quando eu tinha 1 ano de idade, minha mãe era
lavadeira e sem melhores condições para criar os 6 filhos, me mandou, aos 12
anos para Belém, fui interno no Lauro Sodré, onde estudei até os 16 anos e
voltei novamente para Bragança. Em 1969 vim morar de vez em Belém.
Por qual motivo
você resolveu abrir o sebo?
-Quando
me mudei pra Belém, logo construí família, trabalhei em várias coisas, entre
elas, vendedor de limão, na feira, catador de lixo e como gari. Trabalhava em
frente a edifícios e as patroas que lá moravam iam descartando as revistas e
livros que não queriam mais e eu ficava com pena de jogar fora e acabava
levando tudo pra minha casa. Fui juntando, juntando e daí surgiu a ideia de
montar o sebo. Fui no bairro de São Brás, olhei os pontos, vi essa vaga e
coloquei um tabuleiro com revistas e livros usados, desde então não parei mais.
Você tira a sua
renda mensal desse trabalho?
-Sim,
trabalho com o sebo (compra e venda de livros e revistas usados) a 45 anos e criei
seis filhos com esse trabalho. Hoje tenho uma filha pedagoga, uma policial, um
taxista e outra trabalha aqui no sebo.
Com quem você
aprendeu a gostar de livros?
-Sempre
gostei de livros, desde criança, adorava ler tio Patinhas.
Como consegue os
exemplares para a venda?
-Uma
parte vem de doações e outra, compro das pessoas.
Você sabe a
quantidade de exemplares que possui neste sebo?
-Não
faço ideia.
Como se dá a
organização da sua banca?
Olha,
eu tento organizar quando dá, geralmente organizo por coleções.
Que tipos de livros
há aqui?
-Variados,
aqui é a clínica geral dos livros (risos)!
Os livros são vendidos
aqui com facilidade?
-Sim,
todos os dias eu tiro uns trocadinhos.
E qual a época do
ano que você vende mais?
-Com
certeza, no mês de julho.
Que tipo de livros
são os mais procurados?
-Livros
da Coleção Arlequim, Sidney Sheldon, Agatha Christie, Clarice Lispector, Max
Fernandes, Lucio Flávio Pinto e Salomão Larêdo.
Você conhece outros
sebos aqui por perto?
-Sim,
tem um na av. Magalhães Barata.
Qual o perfil dos
seus clientes?
-Variados,
mas, a maioria é de senhores e acadêmicos, jovens que vão fazer
vestibular.
Qual a média de
preços, dos livros que você vende?
-Vai
de 1 real a dez reais.
Tem vontade de
escrever livros?
-
É né? Olhe, mais muita gente já quis escrever sobre minha vida.
Qual seu livro ou
escritor favorito?
-Meu
amigo Salomão Larêdo, Lucio Flávio Pinto, Jorge Amado, entre outros.
Você considera seu
trabalho importante. Por quê?
-
Acho meu trabalho muito importante, aqui os livros são mais acessíveis para
quem não tem condições de comprar livros novos. Com este trabalho ajudo a
desenvolver a leitura, quando você lê você aprende mais, desenvolve mais o
raciocínio.
*Feita
no dia 02 de agosto de 2013, às 8h40 da manhã.
2 comentários:
Seu Zé, este mascate da cultura, é mais que o um vendedor de livros usados e um grande amigo, alguém com quem prosear quando tiver tempo livre. Fala com orgulho desta entrevista. A devida atenção é muito justa para com este homem que muito sofreu e hoje tem função importante na difusão da leitura.
Abraços Salomão e não esqueça de visitar o Seu José.
Fabrício Medeiros
um abraço grande, José (zé) li muitas revistas suas quando criança,esperava meu pai chegar ai em são Brás e nesse tempo contava com sua generosidade em emprestar seus gibis para eu passar o tempo na espera, hoje continuo lendo outros livros mas tudo começou ai na sua banca.
um abraço de seu amigo Professor de Geografia
Silvio Dias
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