Quero fazer o meu
melhor junto com todos, filosofa Karina de Oliveira Santos, altamirense de 24 anos,
formada em gestão ambiental e trabalhando numa empresa que fornece maquinários
e equipamentos ao Consórcio Construtor de Belo Monte – CCBM, em entrevista
especial concedida ao nosso blog e solicitada por nosso redator que acompanhou,
de carona, Karina, dirigindo sua moto, à paisagem que a entrevistada escolheu:
o trapiche, onde se aprecia o rio Xingu enquanto as águas não tomam parte da
orla, como está prevista com a construção da hidrelétrica.
Justificativa da
entrevista – na condição de jurado do 10° Festival Folclórico – concurso de
danças parafloclóricas promoção da Associação dos Grupos Folclóricos de
Altamira AGFAL em parceria com a Prefeitura de Altamira (realizado em
junho/2012, cujo resultado deu como 1º vencedor o grupo Rosa dos Ventos e em 2° o grupo Cisne Branco), prestava
bastante a todos os grupos, misses e tudo o mais e, na apresentação na 1ª noite
do grupo “Cisne Branco”, a beleza estética da dança tinha a ver com algo que me
chamava atenção, uma pessoa discreta atentíssima à exibição que pareceu
completamente focada em manter íntegra a exibição dos componentes e que nada
lhes faltasse, era uma espécie de produtora, a figura que providencia para que
tudo esteja no lugar certo no momento certo para que o resultado seja fruto do
que melhor se pode ofertar. No dia seguinte, perguntando, vim saber que o nome
da pessoa é Karina.
Desejei entrevistá-la
porque achei que seu trabalho foi importantíssimo para o êxito do grupo, dentro
de minha ótica e leitura. Até aquele momento, para mim, o grupo havia
apresentado o melhor trabalho e eu, que julgava o quesito “temática”, havia
dado nota 10 e achei tudo muito bom: composição das cores, coreografia,
uniformidade, conjunto, expressões, harmonia, tudo ótimo.
E desejei saber se ela
era profissional da produção, se já fizera isso na área do cinema, do teatro, se
já trabalhara em produção em rádio ou televisão, porque me pareceu que sua
participação era de uma experiente nessa atividades.
Mas, procurei entrevistá-la
porque gosto de valorizar o que é nosso
e de dar oportunidade de visualização a quem está distante das mídias e tem
pouca chance de mostrar-se.
Como jornalista e
escritor tenho também meu sexto sentido
aguçado e dentre muitos destaques, sublinhei o trabalho de Karina, uma vez
que não poso fazer com todos.
Descobri então , a
razão da filosofia da Karina: quero fazer o meu melhor, junto com todos.
TRABALHO COLETIVO
Realmente foi isso que constatei
a beleza do trabalho coletivo, de muitos para muitos. Não vou falar aqui da
lindeza de espetáculo que foi o festival e do quanto gostei da apresentação do
grupo Cisne Branco, mas achei justo o resultado final da apuração, ou seja, que
o grupo Rosa dos Ventos (a quem dei
nota 10 no quesito temática) tenha tirado o primeiro lugar, porque entendi que
estava bem melhor que o Cisne que obteve a segunda colocação, o que não tira o
brilho dos trabalhos e nem diminui ninguém e nem é razão para esmorecimento,
desmotivação ou arrefecimento de ânimo, muito pelo contrário.
E quando Karina
informou-me que havia dito às pessoas que o jurado queria falar com ela,
consertei. Não, o jurado faz seu trabalho lá, a noite, na quadra, vendo a
apresentação dos grupos; aqui, nesta manhã, agora com você está o jornalista. E
ela me informou que era assim que entendia, apenas para que não tivesse que dar
muita explicação a quem não me conhecia, dizia: é o jurado. Rimos e continuamos
a entrevista.
CONHECIDA E FAMOSA
Karina, na verdade, é
figura conhecida e famosa em Altamira e pelo Brasil, pois é craque de Futsal e
já jogou em diversos times e lugares e vai falar daqui há pouco isso aqui.
Precisamos
identifica-la melhor ao leitor. Ela é solteira, tem namorada, usa tatuagens, é
filha de Waldemar Ferreira dos Santos e de Tereza Aparecida de Oliveira, tem
dois irmãos e desde cedo mantem-se autônoma e independente financeira e
emocionalmente, confessa. Nasceu em Altamira e mesmo depois que rodou o Brasil,
voltou, porque ama sua terra e sua gente.
Pretende, mais adiante,
fazer curso de informática e trabalhar nessa área, sua paixão. Praticam
esportes desde criança e adora futsal e nessa condição, jogou, até 2009, em
Belém, Santarém e São Paulo onde foi sempre bem remunerada e sucedida, mas
resolveu retornar à Altamira, onde trabalha.
- Qual sua função no
Cisne Branco?
- Entrei por acaso e
fui pouco a pouco frequentando e me entrosando. Em 2010, ajudei na organização
e em 2011, fiquei mais ativa e em 2012 o Marcos me convidou efetivamente para
fazer o trabalho. Começamos a montar as coreografias, em fevereiro.
Eu gosto da parte do
apoio, gosto de estar nos bastidores, por trás, vendo o que falta e fazendo
acontecer. Quis saber, com o Marcos, se o comando era meu, porque sei que tenho
liderança, que sou líder e gosto de ter o controle comigo. Assim é a Karina, é
o meu eu. Quero fazer o meu melhor junto com todo mundo, gosto do trabalho
coletivo porque eu vejo o esforço deles, de cada.
Por exemplo, eu queria que
o Marcos, que é o melhor dançarino de Altamira e está vivendo uma situação
peculiar em sua saúde, se sentisse recompensado, mais valorizado, com sua
auto-estima lá em cima porque sei que isso ajuda na recuperação de sua saúde, que
já é, para o que teve – fez cirurgia para extirpar tumor no cérebro -, um
milagre, e por isso, temos que fazer tudo para que ele tenha a chance de
mostrar a arte dele, qual seja, a coreografia, o que ele cria para o grupo e o
grupo ao público que vibra, aplaude, gosta e isso é muito gratificante muito
massa.
- Quem ajuda?
NUNCA DIZER NUNCA
- A família, os amigos,
os componentes, todo mundo ajuda, tudo é feito por amor à arte. Nós queremos
ver o espetáculo acontecer, porque não existe apoio em Altamira no sentido de
ter um forte patrocinador e o Cisne tem uma forte tradição, temos 3 títulos,
conquistados, a responsabilidade é grande e a expectativa do público, maior
ainda.
Recebemos de subvenção
da prefeitura, 7 mil reais e gastamos quatro vezes mais, cada brincante paga a
sua vestimenta e por isso, muita coisa sai do nosso bolso e por isso eu digo,
só tendo muito amor à arte para todo ano cair de cabeça no trabalho, porque é
muito ensaio, muito trabalho, muito serviço, muita dedicação e tem que ser
assim para que as coisas saíam bem.
- Você já pensou em ser
produtora de rádio ou cinema ou televisão?
- Não, não pensei.
- Porque seu trabalho
foi tão bem feito, qual a razão?
- Como disse, é fruto
de dedicação, zelo, amor, disciplina, interesse, foco Para o serviço ser
discreto, estava usando roupa escura coloquei duas crianças para ajudar, apenas
isso e se o resultado é esse que o senhor diz ter sido bacana, fico muito
feliz, não fiz para aparecer, quero que o grupo aparece, e que o melhor de cada um e do conjunto, seja realçado.
- Qual o segredo dessa
sua vontade, garra, otimismo?
É não dizer nunca,
nunca, pra nada, em tudo ver o possível de fazer. É por isso que o senhor entende
que um dia eu venha a ser uma produtora. Pode ser. Mas, o que quero mesmo, é trabalhar na área de
informática. Eu tenho um lema: ninguém merece a tristeza de ninguém!
Karina sorri e conta
que gosta de aventura, que seu esporte predileto é motocross e para seu lazer,
prefere banho de cachoeira, porque também é uma aventura.
-Acredita em Deus?
- Sim, sou católica!
Fazemos as fotos, Karina liga a moto e me deixa no campus da UFPA e se despede gentil. Tchau!!
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