O FEIRANTE MAIS VELHO
EM ATIVIDADE NO VER-O-PESO
E FREQUENTOU O BAR “ ÁGUIA DE OURO”
ONDE SE FESTEJAVA SÃO
BENEDITO DA PRAIA E LOCAL DE CONCENTRAÇÃO
DE ESCRITORES E JORNALISTAS ENTRE OS QUAIS
BRUNO DE MENEZES E DE CAMPOS RIBEIRO,ALÉM DE JAQUES
FLORES E OUTROS DA GERAÇÃO PEIXE FRITO
BONS TEMPOS, AQUELES !!!!!
No exercício de sua
profissão de barbeiro, Odemir recorda “um
salão , no Jurunas, que ficava - perto
da Aldeia do Rádio, estúdio e local de transmissão da Rádio Club do
Pará, a PRC-5, única emissora de
rádio, em Belém, além da Radional -, na av. Roberto Camelier, que ficava ao pegado da
mercearia e estância Modelo, que era do seu Moacir e depois trabalhei no salão
do seu Manoel Sarará, que era presidente do Imperial.[1]
E depois que rodara em
muitas e diversificadas barbearias de Belém, foi convidado para exercer a profissão de barbeiro no centro da
cidade, local de movimento e concentração de gente e recursos e então “vim
trabalhar no famoso “Salão Malagueta”, em pleno Mercado de Ferro do também
afamado Ver-o-Peso, no dia 2 de agosto de 1953”.
Do Ver-o-Peso, Odemir
Barriga não saiu mais. Evoluiu de empregado a gerente, depois patrão e dono do
salão “Lírio de Ouro” que funcionou bastante tempo no mercado de peixe. Antes
disso, conta, penou muito e trabalhou diuturnamente. Eu era barbeiro e
estivador, dormia no Ver-o-Peso pra dar conta do serviço e pagar os compromissos.
Mas eu bebia muito,”dormia porre e acordava bêbado” e porque gostava de beber,
passou a frequentar o Bar “Águia de Ouro[2]”,
cujo dono, seu Manoel Sarmanho, era um português boa praça, amigo de todos e,
relembra os parceiros : Carrão, Paciência, Mota, Milagrosa e outros.
Foi ele o responsável
pela festa de São Benedito da Praia” que originou o livro homônimo do poeta
Bruno de Menezes, que Barriga diz ter visto, juntamente com outros escritores e
artistas que frequentavam o Ver-o-Peso e o Bar “Águia de Ouro”do seu Manoel, sem saber que se
tratava de grupo de escritores que se denominavam de “geração peixe frito”.
Odemir conta que a
festa de São Benedito movimentava toda a feira e que depois do falecimento do
seu Manoel, além de ter cessado a festividade, o famoso ponto, chamado de canto
do mercado e conhecido porque fica embaixo da torre, foi vendido, o bar fechou e
o ponto passou por muitos donos até chegar hoje a ser, no local, a “Casa do Pescador”,
propriedade do seu Joaquim, que é paraense e vende tudo que é material de
pesca.
Odemir Barriga já
procurou conversar com seus colegas da feira para ver se reativam a
festividade, “mas meu amigo, os tempos são
outros, a feira cresceu muito e é preciso ter o consenso de todos para que uma
festividade assim funcione. Para você ter uma ideia, naquela época, aqui, no
Ver-o-Peso, droga era vendida livremente, não havia proibição, o sujeito
oferecia maconha como quem oferta limão ou tomate e não me lembro de tanta
violência como nos dias de hoje em que a droga está proibida. Eu me lembro que
havia, perto do bar do seu Manoel Sarmanho, uma banca de jogo, que no período
da festa, não funcionava, em respeito ao
santo. Como disse, essa festividade era uma iniciativa do seu Manoel, a festa era dele, do bar dele,
embora houvesse mastro e todos nós nos envolvíamos com aquilo e cooperávamos
para que a festa fosse, a cada ano, ainda mais bonita, Mas, ele tinha o apoio
do governador Magalhães Barata, de quem era protegido por ser correligionário,
ou como se dizia na época, baratista.
Odemir não sabe
informar dos familiares do seu Manoel Sarmanho, se retornaram a Portugal ou
ficaram em Belém. Outro dia, conta,”ouvi
noticiário na televisão citando o nome
Everaldo Sarmanho, comandante da policia, não sei se é parente dele,
quem sabe?”
Hoje, Odemir tem uma
lojinha[3]
de artigos de umbanda, onde trabalha com sua mulher Jacirema Ferreira Matos e
sua filha Júlia Telma da Silva Profeta e contratou a ajudante Francilene da
Silva Lima e onde nos concedeu esta entrevista.
Posso lhe dizer que
estou bem e vivo bem para um caboco que veio da Vigia, que tirou apenas o curso
primário e continuo trabalhando, gosto daqui, minha vida foi toda neste Ver-o-Peso,
daqui tirei meu sustento e de minha família com minha mulher Antônia Martins da Silva, mãe dos meus
oito[4]
filhos e já falecida, por isso, viúvo, me casei com minha atual mulher,
Jacirema, que é essa que lhe apresentei.
Mas, mesmo com meu
pouco estudo, sei ler e leio porque a leitura desenvolve, foi com a leitura que
pude ir mais além e com ela, permaneço atualizado com as coisas do mundo,
assisto televisão, tenho celular e sei da importância das novas tecnologias, sou
um homem sempre atento.
No início de minha
vida, com este meu jeito, fui Presidente, por muitos anos, do Sindicato dos Oficiais
Barbeiros e nosso advogado era o Dr. Itair Sá da Silva. Hoje continuo envolvido
nessas lutas de classe e tenho convivência no Sesc, no Senac, Federação das
Indústrias e assim vou vivendo, alegre, feliz e satisfeito”, sempre trajando
roupa branca: camisa, calca, meia e sapato, porque “sou profissional barbeiro
e tenho este ponto que denominei de
“Iemanja” - neste Solar, provisoriamente
instalado, enquanto o mercado está em obras. Já me adaptei, deu trabalho no
começo, mas agora, estou acostumado, que, se quiserem me deixar aqui, agradeço"
-, com quem seu Odemir quis posar para uma das fotos que ilustram esta matéria.
[1]
Clube beneficente do bairro do Jurunas
ainda hoje em atividades e onde se faz muita festa dançante.
[2]
Odemir recorda vagamente ter
visto Bruno de Menezes e
certamente outros participantes da “Geração Peixe frito”, mas não
conheceu pessoalmente nenhum deles
e não sabia que eram integrantes
desse movimento de que jamais ouviu falar.
[3] Com
a reforma do Mercado de Ferro, o Solar da Beira está servindo de abrigo a
alguns feirantes, entre os quis, seu Odemir, que deve voltar ao seu ponto antigo
no próprio mercado, brevemente.
[4]
Todos, graças a Deus, encaminhados na
vida, informa Odemir, anunciando que
Julia, a filha mais velha que o ajuda, acabara de chegar na loja.
7 comentários:
parabens pela materia adorei e fico muito orgulhosa de ser filha desse grande homem chamado odemir barriga
PARABENS LAREDO SUA MATERIA FOI EXCPCIONAL MUITO BEM ELABORADA MARAVILHA MAS SOU EU SER FILHA DESSE HOMEM CHAMADO BARRIGA BUENAS NOCHE
odemir tem 7 filhos eu sou a 5 filha dele jucileyde gostei muito dessa materia uma das melhores ele esta c 77 anos e ainda continua exercedo a sua tarefa na feira do ver o peso parabens lacerda
parabens lacerda vc nao so entrevistou o mas velho feirante mas sim o melhor pai do mundo o cisne BRANCO DO VER-O-PESO sou a filha 2 do barriga esse exemplo de homem
PARABÉNS PELA REPORTAGEM,ESSE HOMEM LUTADOR E GUERREIRO,É MEU PAI E SEMPRE FOI UM EXEMPLO PARA NÓS,OBRIGADA ODEMIR BARRIGA DA SILVA!
Todas as vezes que leio essa reportagem me emocino muito,pela história de vida desse grande homem,sou a oitava filha dele(na verdade sou neta mas ele me registrou e me criou como filha).Obrigada Salomão Larêdo por proporcionar para o mundo a história desse grande guerreiro,meu pai-héroi.Exemplo de fé,força e determinação.
Postar um comentário