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segunda-feira, 30 de abril de 2012
domingo, 29 de abril de 2012
SECULT CONVIDA O ROMANCISTA SALOMÃO LARÊDO PARA O ENCONTRO LITERÁRIO NA FEIRA PAN-AMAZÔNICA DO LIVRO
O Escritor Salomão Larêdo aceitou o convite da SECULT - Secretaria de Cultura do Pará, para participar da Feira Pan-Amazônica do Livro, a se realizar no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, no período de 21 a 30 de setembro de 2012.
“Salomão Larêdo participará do “Encontro Literário com o escritor Paraense”, dia 26 – quarta-feira, das 17h30 às 18h30, uma espécie de bate-papo que discutirá suas obras, seus trabalhos, suas aspirações, responderá perguntas do público e participará de sessão de autógrafos após a programação”, informa a Secult.
sábado, 28 de abril de 2012
SEBO ITINERANTE DO LUCIVAL COMPLETA
DEZ ANOS INDO ATRÁS DO LEITOR
Lucival Lobato era um reconhecido empregado numa importante e famosa livraria de Belém quando os clientes começaram a adquirir livros pela internet e as livrarias tiveram que dispensar os empregados e Lucival, que acumulara conhecimento no mercado de livros, vendo a dificuldade da empresa em pagar sua indenização, fez um acordo: recebeu tudo em livros. Seus colegas acharam aquilo uma temeridade, Lucival também, mas, intuía que tinha que arriscar e raciocinou : vou tentar vender esses livros e depois arranjo outro trabalho. Deu certo.
O que Lucival pegou em livro da indenização que a livraria devia, logo retornou, porque ele, por experiência no ramo, não esperou o leitor, foi atrás dele. Misturou livro usado e livro novo. Pegava informações de eventos: feiras, simpósios, encontros, seminários, palestras e ia lá expor seus livros passando também a frequentar os corredores das salas de aula no campus da Universidade Federal do Pará, no Guamá, em Belém e nos campus da Universidade do Estado do Pará-UEPA e outras instituições do ensino superior e foi ampliando sua audácia e seu trabalho: ir aos campus do interior. Pegava os ônibus com as caixas de livros e armava os expositores em Bragança, Cametá, Castanhal, Carajás e outros e outros espaços que ele ia solicitando com seu jeito acanhado-afável..
Vida de sacrifício, pouco capital, quase nenhum apoio ( há ainda hoje, instituição pública - que deveria ser a primeira a estimular e incentivar - , que em troca do consentimento para que Lucival exponha os livros, cobra até diária dele ou pede ajuda, pede livros e o recurso, que é pequeno, fica ainda menor) Lucival luta com dificuldade para se manter e à sua família. Mas, não esmorece, procura conviver bem com todos e sabe que precisa dos espaços e das pessoas para manter seu negócio.
O tempo correu e Lucival recebeu proposta de trabalho numa livraria. Aceitou, mas não deixou de levar adiante seu negócio que passou a ter a colaboração de Edirene Aguiar, que, além de gostar de livros, interage bem com o mundo acadêmico, professores e alunos, funcionários. Os dois armam e expõem os livros e Edirene fica tomando conta e, no final do dia ou do evento, Lucival vai desmontar e fazer os acertos. O que ganham, “ dá pra sobreviver”, comentam, os dois.
- O que vende mais?
- Pessoal procura o livro usado por ser mais em conta, revela Edirene.
E o que compram preferentemente?
- Literatura em geral. Mas isso varia de lugar pra lugar, do tempo, do evento de diversos fatores, explica Lucival.
Edirene está no circuito dos livros, há 5 anos e Lucival, completa 10 em 2013. No início era apenas um expositor ou sapateira, hoje, são seis, cheios de livros.
Lucival confessa que , quando não há eventos, está sempre nos corredores da UEPA e no Centro de Letras da UFPA, na área do básico ou no “hangarzinho” , apelido do Centro de Convenções “Benedito Nunes”, da UFPA.
Uma coisa que Lucival não abre mão é de manter uma estante com livros de autores paraenses, que sabe, vende pouco, mas “ é importante valorizar o que é nosso e tê-los, o pessoal se surpreende: puxa como temos muitos escritores e muita produção que não conhecem e isso me deixa contente.
Claro que Lucival e Edirene gostam de livros e são leitores e ficam contentes quando muita gente os procura, encomenda livro, troca informações sobre produção editorial
Eles não se preocupam com concorrência e sabem que existem muitos vendedores autônomos itinerantes iguais a eles .Convivem fraternalmente com todos que vendem livros.
Edirene posou - para registro fotográfico para este blog - junto com Suely Mangas Macedo, da Livraria Didática, propriedade de Ciro Mangas, que concentra seus negócios, no campus da UFPA, em Belém , mas também faz itinerância. Vai agora em maio, participar do “Salão do Livro”, em Santarém.
E assim, esses anônimos vendedores de livros prestam enorme serviço facilitando a vida do leitor que quer comprar livros e não encontra tempo e nem oportunidade, mercado que vem crescendo em Belém e no Pará. Eles vão onde há movimento, há gente circulando. Sabem que é importante o que fazem, afinal, quem trabalha com livros é porque se interessa pelo desenvolvimento cultural da comunidade e tem consciência de que coopera para a formação do leitor, para a conquista da cidadania cultural que faz a diferença quando se deseja uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais feliz !
sexta-feira, 27 de abril de 2012
EDUCAÇÃO NA AMAZÔNIA
O
prof. Doriedson Rodrigues, coordenador
do curso de letras Parfor Lingua portuguesa da UFPA, está cheio de
contentamento. É que o I Seminário
Parfor Letras – Linguagem e educação na Amazônia – desafios e perspectivas do
Parfor letras língua portuguesa, realizado no campus da UFPA, em Belém, foi um sucesso de conteúdo e de participação com a presença de centenas de
docentes e discentes de todo o interior do Pará.
Auditório do Parfor Letras - UFPA
Presenças ativas no seminário do Parfor, em Belém,
o prof. Carlos Dias, coordenador de Bragança e o coordenador de Breves, prof.
Guilherme Jr. e senhora, em pose
especial para este espaço.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
COMO SE FORMA O LEITOR - Palestra no Colégio São Paulo
Convidado pela bibliotecária Socorro Silva pra conversar com os pais sobre a formação do leitor na I Jornada Literária da Biblioteca do Colégio São Paulo, lá estive, às 7h30 da manhã, o CSP num alegre, descontraído e intenso movimento, desde o mural que registrava “Meu livro inesquecível ”que a Socorro a todo instante troca porque logo é tomado por depoimentos, num a prova de que o pessoal gosta de ler, e tem livro e leitura “inesquecível”.
Até eu entrei nessa e coloquei o “Quincas Borba”, de Machado de Assis, um dos muitos dos meus livros preferidos.
Até os pixixitos aguardando o momento pra entrar na livraria e assistir uma performance, e, eu, subi pro auditório.
Depois de um tempo, meio sem jeito Socorro vem me dizer que os alunos entenderam que a palestra era pra eles e por isso muitos pais não foram avisados e a conversa aconteceu pra um auditório lotado de alunos e alguns pais e tive que me virar nos trinta pra fazer com que o material que havia levado aos pais se tornasse atraente aos filhos. Penso que deu muito certo e muito massa. Agradeci a Deus a oportunidade de mostrar aos estudantes as possibilidades de terem , no futuro, filhos leitores. Tomara eles se tornem leitores e consigam fazer os seus, também leitores.
É muito importante a escola fazer educação e trabalhar a cultura que passa pelo livro e pela leitura através da biblioteca, valorizando o que é nosso, preocupada em incentivar a leitura que começa no seio da família. Seria tão bom se todas as escolas fizessem sempre atividades de promoção do livro e da leitura. Certamente teríamos uma sociedade mais humana, mais justa e mais fraterna. Parabéns ao Colégio São Paulo pela educação de qualidade que desenvolve.
No pátio do colégio, quase na saída, uma pequena mostra de obras da literatura infanto-juvenil preparado pela Rosangela aguardava os alunos na hora do recreio.
O que eu abordei no Colégio São Paulo , a síntese está à disposição, à seguir:
LEITOR SE FORMA NO VENTRE DA MÃE, NO COLO DO PAI, NO ACONCHEGO DOS TIOS E AVÓS E DEMAIS FAMILIARES
Sou dos que entende que a formação do leitor pode começar no ventre da mãe ao acariciar seu filho, passando a mão na barriga junto com o pai e eles conversando com a criança, cantando, contando os acontecimentos, histórias, em meio a muito encantamento, carinho, afeição, doçura, ternura e afeto.
A ciência admite hoje esse conceito ou ponto de vista dos que comungam essa teoria que é uma prática no seio da família que é responsável pela formação do leitor crítico junto com a escola e o poder público que é o responsável em dotar as escolas de e os municípios de bibliotecas públicas bem equipadas, modernas, bonitas, agradáveis, e com acervo atualizado e sedutor.
Por isso, é superagradável ver os pais convivendo com os filhos nos mais diversos ambientes culturais como livrarias, exposições, cinema, teatro, circo e outros...
quarta-feira, 25 de abril de 2012
O PRIVILÉGIO DE SABER SOBRE A LITERATURA DO PARÁ
De: Deborah Miranda
Enviada em: quarta-feira, 18 de abril de 2012 15:45
Para: 'slaredo'
Assunto: RES: bate-papos de maio e junho
Salomão
Obrigada pelo carinho com que tem feito nossos encontros. Para todos nós tem sido uma aula e tanto não só da nossa literatura, mas principalmente do respeito e conhecimento que você têm pela nossa cultura!
Parabéns pelo hoje!
Começo a divulgar nosso Açai com Peixe frito no dia 20/6 lá no Ver-o-Peso.
Um grande abraço,
Deborah Miranda
DIRETORIA COMERCIAL
O PRIVILÉGIO DE SABER SOBRE A LITERATURA DO PARÁ
Assim, Deborah Miranda resumiu, ao final do IV Bate Papo da Livraria da Fox sobre a Literatura Paraense”, na viagem que desde janeiro deste ano, os , dirigentes e funcionários da Livraria da Fox estão fazendo pelos acontecimentos da Literatura que se produz no Pará e que neste mês de abril o assunto do bate-papo foi o movimento denominado “Academia do Peixe Frito"
“[...] ANOS ATRÁS, UM GRUPO DE JORNALISTAS, ESCRITORES E POETAS FREQUENTAVA O VER-O-PESO, NAS MANHÃS ENSOLARADAS – em que céu azul convida ao devaneio e a vida parece mais doce – E SE REUNIAM NOS BOTEQUINS OU BANCAS DE PEIXE FRITO, para apreciar os peixes da região, acompanhados de batidas de limão, maracujá, marapuama, laranja ou cachaça da pura. DAI ORIGINOU-SE A “ACADEMIA DO PEIXE FRITO”, que fez época, pois entre um pedaço de peixe e um punhado de farinha d’água levados à boca, e uma boa dose de pinga, os ilustres “acadêmicos” falavam dos últimos sucessos literários, trocavam ideias e declamavam poesias.
A "ACADEMIA DO PEIXE FRITO” EXTINGUIU-SE, os tempos mudaram [...]", – Folha do Norte, 27 de agosto de 1961”. Pedro Tupinambá in “crônica – As fritadeiras de peixe do Ver-o-Peso - constante de seu livro “Maria Igarapé”.
terça-feira, 24 de abril de 2012
INQUANTIDADE DE AFETO
Amigos e amigas caríssimos aqui do FB, ontem, dia 23 de abril, de 2012, dia de São Jorge, Guerreiro, um de meus protetores e defensores, além dos encantados, foi o dia de meu aniversário natalício e recebi muitas mensagens e votos de parabéns, e, igual como se dá na na oitava da páscoa, esse aniversário continua rendendo e continuam chegando outras e por isso venho aqui agradecer muitíssimo a cada um, a “inquantidade” de mensagens recebidas de gente muita amiga por quem tenho afeto especial, muitas estimas e amizades feitas aqui no FB, consequentemente, também, muito especiais. E são textos lindos brotados sensivelmenbte do coração . É bom a gente saber que tem amizade fraterna e por ela, receber amor, carinho, afeto, encantamento, abraço, beijo, votos, ternuras que retribuo agradecendo e rogando ao Bom-Deus e a Virgem de Nazaré que os mantenha com saúde, em alegrias e sempre cheios de vida!!! Bjs e Bjs. Salomão Larêdo
segunda-feira, 23 de abril de 2012
SOU LEITOR, ADORO LER
E,
sou escritor, minha paixão é escrever . Nasci no dia mundial
do livro, 23 de abril. Gosto do que faço e faço com amor, muito amor e muito
humor. Vivo lendo, escrevendo, pesquisando, anotando, observando, atento
a tudo, ao cotidiano popular, ao que meu povo passa, fala , canta e
conta.
Sou
marido da Maria Lygia, advogada, linda, meiga, um doce de pessoa, a
mulher que amo ,a que me faz feliz!.
Sou
pai do Filipe - por quem sou doido-varrido de amor -, produtor
editorial, profissional competente, leitor voraz, filho que me faz
muito, muito feliz por ser pessoa humana rica e
linda por dentro e por fora.
Sou
irmão apaixonado por meus irmãos: Adalcinda. Ocirema, José e Abrão. Do amor aos
meus pais Milton e Lady e demais familiares já expressei no
texto logo abaixo deste.
Sou
louco de amor pela humanidade, pela vida, pela natureza. Gosto de criança,
porque a criança expressa a Virgem Mãe de Deus, o próprio Deus e tudo que
existe de bonito e bom na face da terra.
Sou
louco por livro e por leitura e gosto demais e muito dos
livros, vivo cercado e cresci com eles. Gosto de
poesia.
Sou
o que sou, porque amo a poesia e acredito na força do amor presente
no conteúdo dos livros - com sua força transformadora -, de todos que li
e que me fizeram e fazem ser humano consciente de sua humanidade, do seu
amor ao próximo.
Sou
apaixonado pela minha gente, pela meu estado,minha região, meu país
pelas coisas do meu lugar e por isso amo, defendo e valorizo o que
é nosso, sobretudo nossa gente e nossa cultura.
Procuro
fazer tudo com muito amor e com muito carinho.
Sou
afetuoso e gosto da ternura e sensualidade caboca, herança indígena
afro-descendente que expresso. Claro, tenho milhões de defeitos e erro
muito, muito, muito.
Sou
filho de Deus a quem amo e acredito no seu amor por mim e por todo o
gênero humano.
Neste
segunda-feira, 23 de abril de 2012, desejo-me, e a todos os meus amigos,
Feliz aniversário !!!!
sexta-feira, 20 de abril de 2012
23 de abril, dia de São Jorge Guerreiro é o aniversário de Salomão Larêdo
Nasci dia 23 de Abril, às quatro horas da manhã, na Vila do Carmo, município de Cametá. O rio Tocantins que passa na frente de nossa casa, estava na maré enchente. Sou o terceiro filho de Milton e Maria do Carmo Larêdo. A origem de minha família é pobre. Meus avós são filhos do hebraico Jacob Bensabath Larêdo , judeu sefardista marroquino que morreu cedo, aos 55 anos no dia 21 de fevereiro de 1893 e a mãe deles, Tereza de Jesus da Costa , natural da Vila do Carmo, perdeu todos os bens e eles tiveram que começar a vida na lavoura, fazendo roça. Minha avó materna é filha de negros africanos cuja família miscigenou com índios tupinambá. Vila do Carmo era uma comunidade pequena, mas unida e por isso toda a nossa comunidade, parentes e amigos foram à nossa modesta casa, de madeira ,erguida na frente do majestoso e lindo rio Tocantins,alegrar-se e comemorar o nascimento do Rei Salomão. Meu pai fez o meu registro no cartório da Vila. Minha mãe queria que meu nome fosse Jorge e meu pai,Salomão. Num acordo, o nome ficaria: Jorge Salomão ou Salomão Jorge Larêdo y Larêdo . Meu pai, prático, registrou apenas Salomão Larêdo. Minha mãe guardou meu umbigo e depois do resguardo de quarenta dias, me deu um banho especial com as ervas , matos e folhagens cheirosas de nosso lugar, a região Amazônica. Fui batizado no dia 15 de julho, véspera da festa de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da Vila. Meus padrinhos foram: tio Jaime, irmão de meu pai e sua mulher, a tia Nenê e a minha tia Domingas, irmã de minha mãe. Meu padrinho de consagração é são Gonçalo. Minha mãe confirmou-me que me entregou também à proteção da Virgem do Carmo. Desde o ventre materno eu recebi o carinho e o afeto dos meus pais e escutava deles, das minhas irmãs Adalcinda, Ocirema e Zuzu , dos meus avós, tios e tias, parentes , familiares, amigas , muitas histórias e narrativas populares que continuo ouvindo, sobretudo as do boto que faziam festa no rio, na frente de casa que eu sempre gostei de ver e ouvir e por isso a fala, o sotaque, o dialeto , o cotidiano popular, o povão, os excluídos, os marginalizados, o lendário e o imaginário de minha região são temas permanentes – sina e fado – do meu fazer literário, pois em minha formação – raiz cultural – convivi com pajelanças, crendices, com a liturgia católica, com o imaginário religioso, com as águas, defumações, banhos, o sincretismo, a mitologia, visagens, maldições, matintaperera,cupelubo, lobisomen, curupira, boiúna, cobra grande, índios, prostitutas, arraial negro, vivendo um cotidiano místico e mágico entre cuias pitingas, preamares, preparados, beberagens, banguês, samba de cacete, ladainhas, emplastros, reimosos – feitiços – vindicás, tajás, assombrações, superstições , amuletos, mundo simbólico de que se serve o povo da sociedade amazônica para explicar-se tão sedutor, sensual, dançante, amoroso e misterioso. Por tudo isso também sempre tive a proteção da Senhora das Águas, das entidades, das encantarias da água, dos encantados da terra, de toda parte, de São Jorge, guerreiro. Sou curado, curadíssimo, blindado. protegido por Deus e pela Virgem Mãe de Deus em todos os seus títulos: Fátima, Nazaré, Carmo, Guadalupe, Poderosa... Assim não fosse, teria chegado aqui e estaria contando esta história pra você ? E como dizia meu pai, sob a proteção do Deus-Pai, do Deus-Filho e do Deus-Espírito Santo e de todos os anjos e santos, querubins e serafins e de todas as divindades,potestades e entidades, desejo a você, caro leitor, no dia do meu aniversário natalício , muitas bênçãos, graças e luzes do Espírito Santo de Deus para que seja sempre muito feliz e faça os outros, felizes !!!
LIVROS MARAVILHOSOS !
O CCBEU – Centro cultural Brasil-Estados Unidos, queria fazer doação de alguns livros e a professora Paula Rolim, uma de minhas parceiras no esquema de construir bibliotecas e ajudar a formar o leitor crítico, me informou. Acionei a professora Viviane, de Cametá, que faz mestrado em Belém e o resultado é o que consta do texto a seguir : “ Professor Salomão Larêdo,estou muito alegre, muito feliz, pois como havia dito anteriormente, liguei para a Adhara do CCBEU e combinamos que eu iria nessa quarta a tarde -como fui- buscar os materias destinados a doação...E foi isso mesmo que eu fiz:- fui lá e trouxe todos os livros!!! são aproximadamente uns 200 livros em ótimas condições de uso, semi-novos, de ótimas referencias bibliográficas, destinados tanto ao ensino infantil quanto as séries do ensino fundamental; enfim, livros ma-ra-vi-lho-sos que ajudarão muitos alunos e professores da nossa querida Cametá. O senhor pode até estar se perguntando, como assim?! Bem, em contato imediato com o professor Doriedson, o informei por telefone de toda essa situação que nos envolveu...o senhor, a Paula Rolim, a Adhara e Eu...Sabendo que esse material já está na casa da minha tia comigo e todo arrumadinho, pronto pra viagem, pedi a ele que tendo uma boa ocasião, disponibilizasse o transporte da instituição - que quase toda a semana está aqui - e ele "disponibilizou de imediato". E sabe quando esses livros chegarão a Cametá? Sábado! Não é uma ótima notícia?!Inicialmente eles vão para a Biblioteca, mas o importante é que o professor Doriedson vai fazer o que for preciso para colocá-los a disposição de todos que precisam de materias de apoio como esses para ministrarem suas aulas com mais dignidade ao nosso alunado cametaense. Eu só tenho a lhe agradecer pelo contato, pela oportunidade. Essa foi uma vitória de todos nós, mas ela teria sido impossível sem a sua contribuição. Tente contato com o professor Doriedson e se tiver uma ideia que contemple essa outra pré-existente, não a deixe de compartilhar. Abraços Abraçados .Vivianne Vulcão”
quarta-feira, 18 de abril de 2012
LEITOR SE FORMA NO VENTRE DA MÃE, NO COLO DO PAI, NO ACONCHEGO DOS TIOS E AVÓS E DEMAIS FAMILIARES
Sou dos que entende que
a formação do leitor pode começar no ventre da mãe ao acariciar seu filho,
passando a mão na barriga junto com o pai e eles conversando com a criança, cantando, contando os acontecimentos, histórias, em meio a muito encantamento, carinho,
afeição, doçura, ternura e afeto.
A ciência admite hoje esse conceito ou ponto
de vista dos que comungam essa teoria que é uma prática no seio da família que
é responsável pela formação do leitor crítico junto com a escola e o poder
público que é o responsável em dotar as escolas de e os municípios de
bibliotecas públicas bem equipadas, modernas, bonitas, agradáveis, e com acervo
atualizado e sedutor. Por isso, é superagradável ver os pais convivendo com os
filhos nos mais diversos ambientes culturais como livrarias, exposições,
cinema, teatro, circo e outros. Na sequência, algumas fotos de crianças que
frequentam com seus pais, em Belém, a Livraria da Fox, onde fizemos o registro
do Pedro Fleury Gabay do Nascimento, filho de Tathy Fleury e Allan do Nascimento,
de apenas um ano e oito meses; da Fernanda Santos , de dez anos de idade, que
estava com pai, Augusto Santos, além da Thalita, de sete anos, que estava
acompanhada do tio, André. Parabéns a todos eles.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
REFORMA DO MERCADO DE FERRO DO VER-O-PESO
O Mercado de Ferro, que, com suas torres, indica que ali e o famoso Ver-o-Peso, símbolo de Belém do Pará, passa por reformas. Confira.
domingo, 15 de abril de 2012
ODEMIR BARRIGA DA SILVA, O FEIRANTE MAIS VELHO EM ATIVIDADE NO VER-O-PESO
ODEMIR BARRIGA
DA SILVA, É , HOJE,
Odemir Barriga da Silva, nasceu na cidade de Vigia,
no dia 16 de dezembro de 1935, filho de Odermes Monteiro da Silva e de Maria
Tomásia Barriga e cedo veio morar com a
avó, que o criou em sua casa à rua dos
Timbira, no bairro do Jurunas, em Belém,
onde aprendeu a profissão de barbeiro que exerceu em
inúmeras barbearias no próprio bairro do Jurunas, Condor, Cremação, Umarizal,
Icoaraci e tantos outros.
O FEIRANTE MAIS VELHO
EM ATIVIDADE NO VER-O-PESO
E FREQUENTOU O BAR “ ÁGUIA DE OURO”
ONDE SE FESTEJAVA SÃO
BENEDITO DA PRAIA E LOCAL DE CONCENTRAÇÃO
DE ESCRITORES E JORNALISTAS ENTRE OS QUAIS
BRUNO DE MENEZES E DE CAMPOS RIBEIRO,ALÉM DE JAQUES
FLORES E OUTROS DA GERAÇÃO PEIXE FRITO
BONS TEMPOS, AQUELES !!!!!
No exercício de sua
profissão de barbeiro, Odemir recorda “um
salão , no Jurunas, que ficava - perto
da Aldeia do Rádio, estúdio e local de transmissão da Rádio Club do
Pará, a PRC-5, única emissora de
rádio, em Belém, além da Radional -, na av. Roberto Camelier, que ficava ao pegado da
mercearia e estância Modelo, que era do seu Moacir e depois trabalhei no salão
do seu Manoel Sarará, que era presidente do Imperial.[1]
E depois que rodara em
muitas e diversificadas barbearias de Belém, foi convidado para exercer a profissão de barbeiro no centro da
cidade, local de movimento e concentração de gente e recursos e então “vim
trabalhar no famoso “Salão Malagueta”, em pleno Mercado de Ferro do também
afamado Ver-o-Peso, no dia 2 de agosto de 1953”.
Do Ver-o-Peso, Odemir
Barriga não saiu mais. Evoluiu de empregado a gerente, depois patrão e dono do
salão “Lírio de Ouro” que funcionou bastante tempo no mercado de peixe. Antes
disso, conta, penou muito e trabalhou diuturnamente. Eu era barbeiro e
estivador, dormia no Ver-o-Peso pra dar conta do serviço e pagar os compromissos.
Mas eu bebia muito,”dormia porre e acordava bêbado” e porque gostava de beber,
passou a frequentar o Bar “Águia de Ouro[2]”,
cujo dono, seu Manoel Sarmanho, era um português boa praça, amigo de todos e,
relembra os parceiros : Carrão, Paciência, Mota, Milagrosa e outros.
Foi ele o responsável
pela festa de São Benedito da Praia” que originou o livro homônimo do poeta
Bruno de Menezes, que Barriga diz ter visto, juntamente com outros escritores e
artistas que frequentavam o Ver-o-Peso e o Bar “Águia de Ouro”do seu Manoel, sem saber que se
tratava de grupo de escritores que se denominavam de “geração peixe frito”.
Odemir conta que a
festa de São Benedito movimentava toda a feira e que depois do falecimento do
seu Manoel, além de ter cessado a festividade, o famoso ponto, chamado de canto
do mercado e conhecido porque fica embaixo da torre, foi vendido, o bar fechou e
o ponto passou por muitos donos até chegar hoje a ser, no local, a “Casa do Pescador”,
propriedade do seu Joaquim, que é paraense e vende tudo que é material de
pesca.
Odemir Barriga já
procurou conversar com seus colegas da feira para ver se reativam a
festividade, “mas meu amigo, os tempos são
outros, a feira cresceu muito e é preciso ter o consenso de todos para que uma
festividade assim funcione. Para você ter uma ideia, naquela época, aqui, no
Ver-o-Peso, droga era vendida livremente, não havia proibição, o sujeito
oferecia maconha como quem oferta limão ou tomate e não me lembro de tanta
violência como nos dias de hoje em que a droga está proibida. Eu me lembro que
havia, perto do bar do seu Manoel Sarmanho, uma banca de jogo, que no período
da festa, não funcionava, em respeito ao
santo. Como disse, essa festividade era uma iniciativa do seu Manoel, a festa era dele, do bar dele,
embora houvesse mastro e todos nós nos envolvíamos com aquilo e cooperávamos
para que a festa fosse, a cada ano, ainda mais bonita, Mas, ele tinha o apoio
do governador Magalhães Barata, de quem era protegido por ser correligionário,
ou como se dizia na época, baratista.
Odemir não sabe
informar dos familiares do seu Manoel Sarmanho, se retornaram a Portugal ou
ficaram em Belém. Outro dia, conta,”ouvi
noticiário na televisão citando o nome
Everaldo Sarmanho, comandante da policia, não sei se é parente dele,
quem sabe?”
Hoje, Odemir tem uma
lojinha[3]
de artigos de umbanda, onde trabalha com sua mulher Jacirema Ferreira Matos e
sua filha Júlia Telma da Silva Profeta e contratou a ajudante Francilene da
Silva Lima e onde nos concedeu esta entrevista.
Posso lhe dizer que
estou bem e vivo bem para um caboco que veio da Vigia, que tirou apenas o curso
primário e continuo trabalhando, gosto daqui, minha vida foi toda neste Ver-o-Peso,
daqui tirei meu sustento e de minha família com minha mulher Antônia Martins da Silva, mãe dos meus
oito[4]
filhos e já falecida, por isso, viúvo, me casei com minha atual mulher,
Jacirema, que é essa que lhe apresentei.
Mas, mesmo com meu
pouco estudo, sei ler e leio porque a leitura desenvolve, foi com a leitura que
pude ir mais além e com ela, permaneço atualizado com as coisas do mundo,
assisto televisão, tenho celular e sei da importância das novas tecnologias, sou
um homem sempre atento.
No início de minha
vida, com este meu jeito, fui Presidente, por muitos anos, do Sindicato dos Oficiais
Barbeiros e nosso advogado era o Dr. Itair Sá da Silva. Hoje continuo envolvido
nessas lutas de classe e tenho convivência no Sesc, no Senac, Federação das
Indústrias e assim vou vivendo, alegre, feliz e satisfeito”, sempre trajando
roupa branca: camisa, calca, meia e sapato, porque “sou profissional barbeiro
e tenho este ponto que denominei de
“Iemanja” - neste Solar, provisoriamente
instalado, enquanto o mercado está em obras. Já me adaptei, deu trabalho no
começo, mas agora, estou acostumado, que, se quiserem me deixar aqui, agradeço"
-, com quem seu Odemir quis posar para uma das fotos que ilustram esta matéria.
[1]
Clube beneficente do bairro do Jurunas
ainda hoje em atividades e onde se faz muita festa dançante.
[2]
Odemir recorda vagamente ter
visto Bruno de Menezes e
certamente outros participantes da “Geração Peixe frito”, mas não
conheceu pessoalmente nenhum deles
e não sabia que eram integrantes
desse movimento de que jamais ouviu falar.
[3] Com
a reforma do Mercado de Ferro, o Solar da Beira está servindo de abrigo a
alguns feirantes, entre os quis, seu Odemir, que deve voltar ao seu ponto antigo
no próprio mercado, brevemente.
[4]
Todos, graças a Deus, encaminhados na
vida, informa Odemir, anunciando que
Julia, a filha mais velha que o ajuda, acabara de chegar na loja.
BIBLIOTECA PÚBLICA "ARTHUR VIANNA”
A Biblioteca Pública “Arthur Vianna”, instalada no Centur, está melhor organizada e equipada, e, para modernizar-se cada vez mais e investir na aquisição de obras que melhorem atualizando também o acervo, a ministra da Cultura, Anna de Hollanda, que visitou a biblioteca em março deste ano, prometeu aporte de mais de dois milhões de reais. Estamos esperando, ansiosamente, a verba e a reforma nas instalações.
Na foto, a bibliotecária Suzana Tota, no atendimento
sexta-feira, 13 de abril de 2012
O OURIVES QUE SE ESCONDE SOB A JOIA DO AFETO
Numa manhã ensolarada de junho – quase final do mês – no ( frutuoso,
impagável, poético, mágico e maravilhoso
recanto encantado desta amada e enfeitiçadora morena
chamada Belém ) Ver-o-Peso - sob as
águas do rio Guamá e a brisa da baia do
Guajará, com os sons das embarcações fluvioasfálticas e humanas
da Ilha das Onças ao Boulevard
Castilhos França, da Oriental à Ocidental dos mercados e entornos -, com minha mulher Maria Lygia, comprando
essa delícia chamada castanha-do-pará pra levar ao nosso filho Filipe, em São
Paulo, um senhor ao passar por nós,
perguntou:
- Você não é o
Salomão Larêdo, o escritor, o jornalista? E que é de Cametá?
- Sou!
- Muito prazer
em conhecer, me chamo Saveney e sou joalheiro, sabe? Aprecio seu trabalho de
escritor e gosto do modo carinhoso como escreve sobre Cametá e sua gente e há muito queria ter a honra de conversar
pessoalmente e agora que o vejo
aqui, tão perto , me deu coragem de abordá-lo
porque queria muito falar com
você pra que coloque nos seus escritos o
nome de um cametaense, seu conterrâneo, no meu entender, famoso e importante e que
ninguém sabe quem foi. Trata-se de João Pimenta do Prado Dias, o maior mestre joalheiro
que conheci.
- Já ouviu falar?
Respondi que não
e então Saveney, em pouco tempo, me
colocou a par da profissão de ourives que ele prefere denominar de joalheiro –
dá mais prestígio, confessa - e relatou seu aprendizado e o prazer de ter
conhecido grande nomes da profissão, sempre destacando o cametaense João Pimenta
como um gênio criativo da ourivesaria que se praticou no Pará nas décadas de
1950/1960/1970.
O papo corria
agradável sob a rica moldura veropesiana,porém,
precisava comprar outras iguarias pra levar ao Filipe e às vésperas da viagem, muita providência a tomar
e então acertei com Saveney o seguinte:
- Vou sair de
férias e passar a primeira quinzena do mês de julho com Filipe e o restante, em
Salinas. Na volta, prometo conversar com o senhor sobre este assunto que me
interessa saber e escrever, afinal não é todo dia que se topa com um ourives,
ou melhor, um joalheiro no Ver-o-Peso. Saveney, pra garantir o que eu prometia,
anotou meus contatos e claro, gravei o número
do seu celular e nos despedimos.
Fui sonhando com as
informações que poderia obter do futuro
entrevistado, referente a Belém, num determinado período , a respeito do
conhecimento que ele possa ter de como, no Pará, se desenvolveu a ourivesaria ,
arte milenar que passou pelos egípcios ,se
afamou na França com o premiado artesão
Charles Guillaume Biennais e se destacou
no século 18 com Dinglinger,
joalheiro da corte, enfeitiçando Caroline Murat, irmã de Napoleão e rainha de Nápoles, aformoseou ainda mais
madame Pompadour, princesa Grace Kelly , a moderna Jacqueline Kennedy e tanta gente famosa e se
popularizou em toda parte , inclusive em nosso meio e já planejava ouvir as
contações de seu Saveney antes de ir a Salinas. Mas, meu pai, Milton Larêdo, utilizando um “adágio popular” como ele
gostava de argumentar em sua
dialética para instruir
os filhos sobre a vida, neste
mundo, conforme nossa crença católica,
dizia que“ a gente propõe e Deus
dispõe”.
E no retorno de São Paulo tivemos a surpresa de que o glaucoma já fizera seus estragos na vista de Maria Lygia e então os planos
mudaram. Depois da cirurgia, quase no final do
mês de agosto, [1]Saveney
esteve em nosso apartamento pra falar de João Pimenta do Prado Dias seu mestre na arte
da ourivesaria; e, claro, aproveitei pra saber os acontecimentos da vida
de Saveney, também, que,
discreto, não queria aparecer, apenas
sublinhar o nome do amigo João Pimenta que foi seu mestre e continua seu ícone,
merecendo, ao menos de seus conterrâneos, o
reconhecimento e a visibilidade
,que, segundo Saveney, os artistas merecem.
O que
conversamos, o leitor pode fruir no texto abaixo.
-
Olha, tu não queres trabalhar com joia?
O
menino, mesmo sem saber do que se
tratava, não vacilou e respondeu, na
bucha: quero! Mas fale com o meu pai.
E
lá se foi o garoto, aos nove anos de idade, começar na profissão de
ourives com Julio Pascinio, maranhense, casado com dona Maria Amoras
Conceição, moradores, também da Passagem das Flores e que Saveney não conhecia
porque nasceu em Benfica[2]
- no dia 20 de agosto de 1943, filho de Pedro Nolasco dos Santos (natural de Benfica) e de
Luzia Oliveira dos Santos, que nascera em Icoaraci -, e lá
permanecera até completar sete anos de
idade e depois junto com seus oito irmãos, a família então mudou-se pra Belém e
veio morar primeiramente na Passagem
Boca do Acre e depois na Passagem das Flores.
O
pai permitiu que Saveney Santos fosse
iniciar o aprendizado, desde que não faltasse às aulas no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, no bairro de Nazaré e
assim o garoto começou na oficina que
ficava na rua Manoel Barata, anexo à Joalheria Central, de propriedade do
alemão Paulo Muss.
Saveney
que não sabia o que era anel, cordão, enfim, uma joia e disse, sem pestanejar,
sim à profissão, agora se via mexendo com alicate e com as lamparinas que serviam de sopleto,
uma espécie de maçarico que os ourives, através de um tubo, colocavam na boca e
controlavam a solda que corria onde desejavam derreter e fixar o que o ourives
queria. Saveney compreendeu a serventia das demais ferramentas: lima, cilindro,
laminados e pegou habilidade com o portucho pra puxar o fio que rege a delicada
obra de arte.
-
O que faz quem começa?
-
Primeira função é aprender a soldar cordão, anel...
Corria
o ano de 1952/1953 e começou a moda das peças feitas com pau d’angola que seu Antonio (Saveney não recorda o nome
completo) português (nascido na África,
justamente em Angola), trouxe uma mostra
quando veio tentar a vida no Brasil e escolheu a cidade de Belém pra morar e
depois, recebia muitas toras de trinta centímetros da madeira que transformava em joias – figas, berloques – que
toda mulher queria ter pra usar e Antonio fazia , além de ser o fornecedor dessa matéria prima aos
colegas. Seu Antonio gostava de fazer peças clássicas e Saveney já se inclinava
para trabalhar peças modernas,
diferentes.
Mas,
Julio Pascinio achou melhor ir pra Santarém e Saveney saiu da oficina e tratou
de estudar para concluir o curso primário, com a idade de 12 anos e morando agora
na Vila dos Bancários, mas sempre no bairro do Telégrafo. Num dia, Saveney foi visitar sua irmã Norma e
a vizinha, a dona Esmeralda, uma mulher bonita, comentou com Norma que seu
irmão precisava de um garoto para ajuda-lo e “ o teu irmão, Norma, me parece no
jeito e tem , me pareceu, todo o traço de quem vai gostar de aprender a arte da
ourivesaria”. Norma riu e disse que o irmão já possuía iniciação na profissão e
então, Saveney conheceu Edpolo Moscoso (a mãe se chamava dona Manoela,
espanhola) cuja oficina funcionava na
travessa Primeiro de Março. Edpolo só trabalhava com pau d’angola.
-
E o que você decidiu, Saveney?
-
Fui. Era o destino - a profissão de ourives - batendo em minha porta, mais uma
vez.
O
atrativo na oficina do seu Moscoso, conta Saveney, é que ele dava, aos sábados, aos aprendizes, ajuda financeira e isso era uma boa motivação.
Depois
fui trabalhar na oficina do seu Pasquale Spinelli Novelino, homem alto, um
metro e noventa centímetros, que ficava
na rua Manoel Barata, em frente à Fábrica Palmeira, a maior oficina de joias. E essa se tornou então a
minha maior faculdade, pois ali era a nata das joias, seu Pasquale era
conhecedor de joias e fui um privilegiado, ele me ensinou os segredos da oficina e da
profissão. Nessa oficina conheci João Pimenta do Prado Dias, cametaense, que
sabia tudo.
-
Com quem ele aprendeu?
-
Seguramente com os ourives cametaenses,
ele chegou aqui pronto, artesão de
mão-cheia, já sabia tudo do oficio, da profissão de ourives, era mestre e dos
melhores que tivemos.
-
Qual a idade dele?
-Em
torno dos sessenta anos.
Era
um mestre nessa arte e foi sempre um operário consciente de seu saber, mas,
como bom artista, ficava nos bastidores, os outros brilhavam, ele era obscuro,
quieto, não aparecia. Era uma espécie de cônsul de Cametá, pessoa cordata,
amiga, eu sentava ao lado dele na oficina, era um grande fazedor de joias:
cordão, pulseira, bracelete,anel em ouro
e platina e eu aprendi com ele, por isso afirmo que minha faculdade foi ali.
Saveney
resolveu fazer o curso de contabilidade
estudando no colégio comercial Rui Barbosa, do professor Zacarias Paes
que depois foi administrado por Alberto
Papaleo Paes e em 1966 casou com
Lindomar da Costa dos Santos.
Em
1970, trabalhou com Jaime José Pontes, na joalheria Sul-Americana e com a responsabilidade de sustentar a mulher
e os três filhos, montou, em 1974,
negócio próprio, a “Oficina Ney”, nome
sugerido pelo amigo Lamartine Koury de Souza, que ficava na rua João Alfredo, 196, sala 11, centro
comercial de Belém.
Após
ter sido vítima de ladrões em sua oficina, Saveney mudou de endereço – que não
revela – e continua trabalhando na profissão de ourives, que prefere chamar de
joalheiro, atividade de onde sempre tirou seu sustento e de sua família,
inobstante revelar que nunca gostou da profissão. Não fui eu quem escolheu, fui
escolhido por ela.
-
Trabalhando com joias, ficou rico, Saveney?
-
Ourives não fica rico – responde - embora trabalhe com material e peças de
valor: ouro, brilhantes, pedras preciosas, esmeraldas, rubis...
-
E joias, tem ?
-
Fiz e dei algumas à minha mulher que foram vendidas quando tivemos o infortúnio de ser vítimas de furto
em nossa oficina , como relatei acima e passamos fase difícil e apertada, quase
não consigo me levantar, porque levaram tudo, tudo.
-
Na sua avaliação quais eram os maiores ourives de sua época?
Saveney
responde: João Pimenta, os irmãos Miralha, Pascoal Novelino, Raimundo Rosa (conhecido
como Duca), de Bragança, Antonio Venturieri (que era americano, descendente de
italianos).Olhe, tivemos grande ourives.
-
De onde provinha o ouro com que trabalhavam e quem garantia que a joia valia o
quilate contratado?
-
Bom, naquela época, todos os ourives compravam ouro na loja de seu Pedro
Galvão[3] , a
“Ouronorte”, que ficava ali na rua 13 de maio, seu Pedro era credenciado para
proceder o negócio de compra e venda de ouro, era pessoa super-honesta, homem
correto, íntegro, nunca se envolveu em negócio escuso, vendia ouro para os
ourives e para a área odontológica. Esse seu Pedro, se fosse locutor, faria
muito sucesso, tinha voz bonita e pronunciava bem as palavras, falava bem, boa
dicção em português compassado.
-E
a profissão, ainda tem futuro fazer joias?
-Enquanto
houver mulher no mundo, haverá joias, elas gostam, mas é coisa cara, objeto em
ouro é feito pra quem tem dinheiro, pois o valor é alto.
-
O senhor desenhava joias?
-
Não, não sou design.
-
Como se comportavam os ourives que o
senhor citou?
-
Todos presavam a profissão, andavam de palitó [terno]. João Pimenta era um home
elegante. Na oficina, estava com sua roupa de trabalho, mas quando encerrava o
expediente, ele envergava um palitó bem cortado, saía à rua sempre
bem composto, elegante, dava gosto ver como todos se trajavam e andavam. O cliente tratado com estima,
respeito, cuidado. A João Alfredo, o comércio todo, era elegante nas décadas de
1950/1960/1970 ,não havia marreteiros, era igual Paris, muito chique.
-
E hoje?
-
Olha, me desculpe, mas parece um chiqueiro, sujo, sem elegância, sem glamour,
acabou-se o centro comercial como espaço bonito de se ver, apreciar, andar,
comprar.
-Ainda
há bons ourives, hoje?
-Tivemos
grande ourives em Belém. Tenho saudade deles que eram autênticos, corretos,
você podia confiar no serviço, no trato, na peça, pois além da beleza,
qualidade, havia a certeza na matéria prima utilizada.
-E
o senhor?
-Continuo
trabalhando, além de permanecer na profissão, também recupero peças em prata,
como coroas e outros. Sou muito procurado por quem sabe o que é bom e quer
segurança e confiança no serviço.
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