terça-feira, 8 de dezembro de 2009

VALORIZAR O QUE É NOSSO: BENEDITO NUNES/ESTRELA

Salomão Larêdo escritor e jornalista

Vindo da Vila do Carmo, onde nasci, em Cametá, de família pobre, morando em quase todas as localidades do Baixo Tocantins, para estudar; tempo depois, papai nos trouxe pra morar em Belém numa casa tosca no bairro da Cremação, alugada, de acordo com nossa condição financeira. Era praticamente um casebre de um só compartimento, coberto de palha de ubuçu e assoalho de madeira podre e embaixo, muita lama pútrida e carapanã. E depois de algum tempo, quando descobri a biblioteca pública “ Arthur Vianna” e para ela ia e vinha a pé para poder ler os jornais e livros, muito e muito depois fiquei sabendo da existência de um intelectual (que nasceu em Belém e por conseguinte, paraense) importante , o prof. Benedito Nunes - que mora na travessa Estrela - , para mim, um ser inacessível.
Muito tempo depois, tive acesso aos seus livros: Filosofia Contemporânea e Crivo de Papel - , que me servem muito, para, na minha condição de aprendiz, procurar aprender com quem sabe. Tive uns poucos e rápidos contatos com ele, de tal maneira que não posso dele falar, praticamente não o conheço de convivência, apenas de fama, importância, do seu cabedal de conhecimento.
Quando comecei a entender um pouco alguma coisa – quase nada sei e continuo aprendendo e sou mesmo aprendiz - adotei a bandeira ideológica cabana de lutar e fazer campanha de valorização do que é nativo, local, do Pará, do que é amazônico, do que é nosso: nosso povo, nossa gente, nossa natureza, nossa riqueza, nossa cultura e, por conseguinte, não poderia, diante desse meu paraensismo e apostolado: valorizar o que é nosso - embora o professor Nunes não precise de mim, nem de meus conceitos, nem de minhas homenagens e nem dos meus escritos - diante da missão que me impus, deixar passar em branco seus oitenta anos de existência, sendo ele, figura tão ímpar do mundo intelectual, sem enviar-lhe publicamente meus cumprimentos e ficar feliz com as homenagens que ele recebe em vida - , que me arvoro a fazer uma proposição aos vereadores à câmara municipal de Belém, para que aprovem o nome da antiga travessa Estrela , hoje Mariz e Barros ( que não sei, perdoem-me, quem é ou quem foi , se paraense ou não, e nem porque razão foi procedida a troca de Estrela para Mariz e Barros) – e solicitar ao poder executivo municipal - em conjunto com a Câmara de vereadores- , que acate e denomine essa artéria de Benedito Nunes/Estrela , homenageando assim o importante morador dessa travessa, o professor Benedito Nunes e homenageando também o antigo nome da travessa: Estrela, tão bonito e tão poético!
Penso que o professor ficará contente com essa dupla homenagem por ocasião das comemorações de seu octogésimo aniversário natalício.
Assim, estaremos , concretamente, valorizando o que é nosso. É a sugestão que faço.

VALORIZAR O QUE É NOSSO: é preciso homenagear o MESTRE CUPIJÓ

Salomão Larêdo escritor e jornalista


Volto a relembrar alguns nomes que avultam na cultura cametaense, sublinhando aqui que são realmente apenas alguns, repito, apenas alguns, na arte literária, na música e na pintura, nomes que, apesar de seu alto valor e importância, há uma tendência de todos nós ao esquecimento.
Na literatura: Luis Barreiros, Juvenal Tavares, Ignácio Moura, Victor Tamer.
Na música, Job Melo, Serrão de Castro, e os Satiro de Melo: Benedito, Raimundo, Nazaré, Conceição, Izabel, Élio.
Na pintura: Veiga Santos, Andrelino Cota.
Os artistas acima citados, são falecidos.
Mas está vivíssimo este que agora sublinho e que se chama Joaquim Maria Dias de Castro, o nosso muito querido mestre Cupijó.
Não me canso de ressaltar a importância do maestro Cupijó na área da música, em Cametá, recordando ao leitor que, em outros textos, aqui neste espaço, já solicitei às autoridades do município de Cametá e às autoridades culturais do Pará para que se promova grande homenagem, a este destacado compositor que, em sua residência em Cametá, permanece produzindo, compondo música de raiz cametaense e universal, volume de trabalho significativo que merece e precisa ser gravada e registrada as partituras em livro .
Chamo novamente a atenção porque temos o péssimo costume de não valorizar o que é nosso. Quem sabe comecemos a mudar essa situação, promovendo grande evento que destaque a produção vasta desse músico cametaense, filho de outro expoente, o professor Joaquim Serrão de Castro. E para que essa homenagem seja inda mais completa, consagre-se em homenagem também seu irmão, o professor José Carlos Castro e o constante parceiro do mestre Cupijó , o poeta Alberto Moia Mocbel.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

TELA CÓLERA MORBUS

O que contou-me a arquiteta Renata Maués, do SIM, está descrito aqui com sua participação. Como cametaense, agradeço a ela, e a Zenaide Paiva o feito histórico de salvarem o museu e a tela, luta antiga que acompanho, há tempos, de perto.
Está firmado entre a Secult - Secretária de Estado de Cultura - Edilson Moura - e a Prefeitura municipal de Cametá - Waldoli Valente -, convênio de cooperação técnica institucional objetivando a conservação e preservação do acervo museológico do museu histórico de Cametá Raimundo Penafort de Senna e objetiva a restauração da tela do final do século 19 “Cólera Morbus” autoria do pintor paraense Constantino Pedro Chaves da Motta.
Recentemente a diretora do SIM, Renata Maués e a diretora do museu de arte sacra, Zenaide de Paiva foram a Cametá efetivar o convênio e realizaram os procedimentos emergenciais de higienização, faceamento, embalagem e acondicionamento da tela para transporte até Belém onde se realiza o tratamento de restauro da pintura e de sua moldura.O transporte da obra foi feito via terrestre num caminhão baú, chegando no início do mês acompanhado por Manoel Valente, diretor do museu de Cametá.
Sobre o pintor Constantino Pedro Chaves da Motta, sabe-se que teve oportunidade de estudar na academia real de são Lucas, em Roma através de bolsa de estudo fornecida pelo governo do Estado. Constantino Motta é pouco conhecido e sua produção se perdeu quase que completamente, restando apenas para apreciação do público raras obras como a pintura “Cólera Morbus” do Museu de Cametá e o retrato de dom Pedro II localizado no Museu do Estado do Pará.
A obra “Cólera Morbus” foi uma pintura solicitada pela Assembléia provincial, para que o artista demonstrasse seu conhecimento referente às técnicas da pintura histórica, que obteve durante seu período de estudo na Europa. A tela retrata a comitiva do vice- presidente da Província Ângelo Custódio Corrêa à cidade de Cametá, prestando solidariedade a comunidade assolada pela cólera. Após a conclusão a obra ficou guardada no Liceu Paraense - colégio Estadual Paes de Carvalho -, sendo posteriormente entregue ao município de Cametá.
De grande dimensão, a obra é pintura a óleo com 157 cm altura por 331 cm de comprimento. Apresenta avançado estado de degradação, com grande acúmulo de sujidades impregnadas, rasgos, vincos, ondulações, ressecamento, perdas de policromia, perdas de suporte e escurecimento da camada de proteção (verniz) o que compromete a visualidade da gama cromática.
A tela já começou a ser restaurada no laboratório de Conservação e Restauração do SIM/SECULT, no Museu de Arte Sacra, onde serão realizados os procedimentos técnicos para restituir as características da pintura, restabelecendo seu valor estético e respeitando seu valor histórico, preservando uma das mais importantes pinturas do século 19 e importante patrimônio paraense.